N.º de doentes em cuidados intensivos não era tão baixo desde o final de março

O boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde de hoje revela que estão hospitalizadas 420 pessoas (menos 11 que ontem), 52 nos cuidados intensivos (menos sete).
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Em Portugal, nas últimas 24 horas, morreram mais sete pessoas e foram confirmados mais 313 casos de covid-19 (um crescimento de 0,6% em relação ao dia anterior). Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta sexta-feira (24 de julho), no total, desde que a pandemia começou registaram-se 49692 infetados, 34687 recuperados (mais 318) e​ 1712 vítimas mortais no país.

Esta sexta-feira, estão internados 420 doentes (menos 11 que no dia anterior) e nos cuidados intensivos há agora 52 pessoas (menos sete que na véspera). O número de doentes em estado critico é o mais baixo desde 24 de março, quando estavam nos cuidados intensivos 48 doentes.

Das 420 pessoas hospitalizadas, 353 encontram-se em hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo, avançou a ministra da Saúde, durante a conferência de imprensa sobre a evolução da pandemia em Portugal.

81% dos novos casos em Lisboa e Vale do Tejo

Há, neste momento, 13 293 doentes portugueses ativos a ser acompanhados pelas autoridades de saúde. Sendo que 68% destes encontram-se na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde se continuam a registar a maior parte dos novos casos.

253 dos 313 infetados de hoje (81%) têm precisamente residência na zona da Grande Lisboa. Os restantes casos estão distribuídos pelo Norte (mais 26), pelo Alentejo (14), pelo Algarve (11), pelo Centro (cinco), pela Madeira (três) e pelos Açores (um).

Quanto aos sete óbitos notificados nas últimas 24 horas, seis dizem respeito à zona da Grande Lisboa e um ao Alentejo. Este último estará relacionado com o surto num lar em Reguengos de Monsaraz, no distrito de Évora: um homem de 88 anos, que morreu no Hospital do Espírito Santo de Évora, onde se encontrava internado, segundo a mais recente atualização do boletim epidemiológico do concelho de Reguengos de Monsaraz, enviada à Lusa pela câmara municipal.

Trata-se da 16.ª vítima mortal entre os utentes do lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS), onde surgiu o surto, a 18 de junho, registando-se ainda uma morte entre os funcionários da instituição e outra na comunidade.

A taxa de letalidade do país é hoje de 3,4%, subindo aos 16% no caso das pessoas com mais de 70 anos - as principais vítimas mortais.

O boletim da DGS de hoje indica também que aguardam resultados laboratoriais 1544 pessoas e estão em vigilância pelas autoridades de saúde mais de 34 mil. O sintoma mais comum entre os infetados é a tosse (que afeta 35% dos doentes), seguida da febre (28%) e de dores musculares (21%).

198 surtos no país, menos oito que na segunda-feira

Durante a conferência de imprensa, a ministra da Saúde indicou ainda que o país tem hoje 198 surtos ativos, menos oito que na segunda-feira (dia 20), quando a governante fez o último balanço das cadeias de transmissão ativas.

A maioria dos focos da doença situam-se na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde há 127 surtos de covid-19 (menos quatro que na segunda-feira), especificou a responsável pela pasta da saúde. Seguem-se o Norte (com 40 surtos, menos um que há quatro dias), o Centro (13, mais duas cadeias de transmissão), o Algarve (13, o mesmo valor) e o Alentejo (cinco, menos cinco surtos que no início da semana).

Sobre o número de pessoas que cada infetado contagia ao longo do tempo (medido pelo RT), Marta Temido referiu que este indicador - analisado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) entre os dias 16 e 20 de julho - se encontra agora nos 0,92.

A taxa de incidência da doença no país demonstra "um padrão bastante confortável", referiu ainda a ministra da Saúde, "embora haja ainda muito trabalho para fazer". "O país teve uma taxa de incidência nos últimos sete dias de 15,7 novos casos por 100 mil habitantes e uma taxa de incidência nos últimos 14 dias de 37,1 novos casos por 100 mil habitantes", afirmou a governante.

636 mil mortos por covid no mundo

O novo coronavírus já infetou mais de 15,6 milhões de pessoas no mundo inteiro até esta sexta-feira e provocou 636 937 mortes, segundo dados oficiais. Há agora 9,5 milhões de recuperados.

No total, os Estados Unidos da América são o país com a maior concentração de casos (4 170 328) e de mortes (147 341). Em termos de número de infetados acumulado no mundo, seguem-se o Brasil (2 289 951) a Índia (1 290 284) e a Rússia (800 849). Portugal surge em 42.º lugar nesta tabela.

Quanto aos óbitos, depois dos Estados Unidos, o Brasil é a nação com mais mortes declaradas (84 207). Depois, o Reino Unido (45 554) e o México (41 908).

Doentes com covid estudados para se descobrir por que têm uns doença grave e outros não

Quais são os mecanismos imunológicos que fazem com que uma percentagem de doentes com covid-19 desenvolva a doença de forma mais grave e a necessitar de cuidados intensivos e de ventilação mecânica? Esta é a pergunta a que a equipa da médica e investigadora Ana Espada de Sousa fez no início de março e para qual procura respostas desde então. Ainda não há resultados, "estamos agora a fazer as primeiras análises preliminares, mas daqui a um par de meses penso que já estaremos em condições de os divulgar", disse ao DN.

Se obtiverem os resultados pretendidos, a equipa de cientistas do Laboratório de Imunologia Clínica da Faculdade de Medicina de Lisboa e do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, estará assim a contribuir para uma melhor perceção das alterações no sistema imunológico que diferencia os doentes. E aqueles que tiverem tendência para desenvolver a doença na sua forma mais grave, poderão ser tratados de forma mais adequada para que tal não aconteça. O objetivo é reduzir a mortalidade associada à doença e abrir portas para a descoberta de novos medicamentos.

Ana Espada de Sousa explica ao DN que o trabalho da sua equipa tem sido estudar doentes que entram no Hospital de Santa Maria com covid-19 com pneumonia e a sua evolução. "Há duas categorias de doentes, aqueles em que a pneumonia se resolve com os medicamentos que estão a ser usados e os que acabam por ter necessidade de ventilação mecânica e de cuidados intensivos. Neste grupo, ainda temos os doentes que mesmo na UCI melhoram, regressam à enfermaria e têm alta para casa, e os que acabam por morrer. O nosso trabalho é estudar todas as fases pelas quais os doentes passam, pois precisamos de comparar a evolução clínica e imunológica e perceber quais são os parâmetros que estão a contribuir para o bom ou para o mau prognóstico".

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