Mais 1278 casos. É o segundo dia com mais infeções desde o início da pandemia
Morreram mais dez pessoas por causa da covid-19 e foram confirmados mais 1278 casos de infeção em Portugal, nas últimas 24 horas.
É o segundo dia com mais infeções desde o início da pandemia. Até ao momento, Portugal só tinha ultrapassado os mil casos diários duas vezes: 1516 a 10 de abril e 1035 a 31 de março.
Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta quinta-feira (8 de outubro), no total, desde que a pandemia começou, registaram-se 82 534 infetados, 51 517 recuperados (mais 480) e 2050 vítimas mortais no país.
Existem, neste momento, 46 182 pessoas em vigilância (+ 159) e há mais 788 casos ativos da doença em Portugal - são agora um total de 28 967.
Relativamente aos internamentos hospitalares, o boletim revela que estão internadas 801 pessoas (mais 37 nas últimas 24 horas), das quais 115 em cuidados intensivos (mais 11 em relação a quarta-feira).
Ao contrário de quarta-feira, onde o maior número de casos (e óbitos) se registaram na região de Lisboa e Vale do Tejo, hoje foi o Norte do país a contabilizar maior número de novas infeções (+ 642) e mais mortes devido à doença (+ 5).
Lisboa e Vale do Tejo registou mais 482 novos casos e mais três mortes, seguida pela zona Centro (+ 101 novas infeções e + 2 mortes), Alentejo (+ 9 casos) e Algarve (+ 30 infeções). As duas últimas regiões não contabilizaram nenhuma morte associada à doença.
Os Açores registaram mais quatro casos de covid-19, a Madeira mais dez - nenhum deles contabilizou mortes devido à infeção pelo novo coronavírus.
O dia 3 de abril foi aquele em que se registaram mais mortes no país desde o início do surto. Nessa data assinalou-se também o primeiro óbito no Alentejo.
Lacerda Sales já tinha indicado nesta quinta-feira que Portugal ultrapassara os mil casos de covid-19 nas últimas 24 horas.
As declarações foram feitas durante uma visita a um hospital de Braga. "Temos de nos preparar para o que aí vem", disse o secretário de Estado da Saúde.
Especialistas da área da saúde defendem que é urgente uma estratégia coordenada que integre as entidades regionais e locais para que as urgências hospitalares não colapsem, porque neste inverno à pressão da gripe junta-se a da covid-19.
Num artigo publicado na Acta Médica Portuguesa, a revista científica da Ordem dos Médicos, um conjunto de especialistas, entre eles o ex-diretor-geral da Saúde Constantino Sakellarides, criticam o Plano da Saúde para o Outono-Inverno apresentado pelo Governo, que dizem ser tardio pois ainda tem de ser apreciado pelo Conselho Económico e Social e pelo Conselho Nacional de Saúde.
"Além disso, é muito intencional e pouco operacional, verificando-se a ausência de um enquadramento estratégico, priorização das medidas, quantificação, um cronograma, definição de responsabilidades, financiamento associado, gestão dos recursos humanos e procedimentos em caso de sobrelotação", sublinham.
Os especialistas lembram que Portugal é o país europeu onde as pessoas recorrem mais às urgências hospitalares e alertam que, se não houver uma atuação a montante, estas podem colapsar pois "o internamento irá transbordar".
"Entraremos numa nova fase de cancelamento da atividade programada com consequências catastróficas para a saúde das populações", afirmam os especialistas, defendendo que a estratégia para o inverno deve ser construída "de forma participada" e exige "um acordo mínimo com as profissões e um compromisso multissetorial".
Embora os casos de covid-19 sejam muito mais baixos em Itália do que em muitos outros países europeus, tem havido um aumento constante nas infeções, recorda a BBC.
O primeiro-ministro Giuseppe Conte disse que medidas mais duras são necessárias para evitar um regresso a um confinamento economicamente devastador.
"A partir de agora, máscaras e equipamentos de proteção devem ser trazidos connosco quando saímos de casa e devem ser utilizados. Temos de usá-los sempre, a menos que estejamos numa situação de isolamento contínuo", afirmou.
As máscaras também devem ser usadas em lojas, escritórios, nos transportes públicos e em bares e restaurantes quando os clientes não estiverem sentados à mesa.
As medidas já foram postas em prática em algumas partes da Itália que viram um aumento nas infeções, como em Roma, mas vão aplicar-se a todo o país.