Maioria dos casos de covid-19 já são agora fora da China
Os números disparam, e este domingo pela primeira vez desde que a epidemia eclodiu,os casos fora da China suplantaram os daquele país.
Pouco menos de três meses depois de ter surgido na cidade chinesa de Wuhan, a pandemia instalou-se fora da China e progride a um ritmo veloz, com a Europa a ser neste momento o seu epicentro, como a Organização Mundial de Saúde assinalou há dias.
Do total de 168.897 casos contabilizados até este domingo, em 157 países, 88.017 registaram-se fora da China (52,1%), enquanto este país contabiliza 80.848 (47,8%).
O número total de mortes ascende agora a 6492, enquanto o número de novos casos diários não para de crescer. Nas últimas 24 horas os novos casos ascenderam a 11.169, dos quais apenas 25 ocorreram na China. Este país conseguiu inverter a progressão da doença no seu território aplicando medidas sem precedentes, com o fecho total de várias cidades e o isolamento rigoroso de mais de 50 milhões dos seus cidadãos.
A Itália é nesta altura o país onde a situação é mais crítica, com um total de 24.747 doentes identificados e com um número de novos casos a atingir os 3590, um recorde para um único dia.
Apesar de o país estar há sete dias em situação de isolamento total e de quarentena, apenas com as farmácias, os supermercados e os bancos abertos, a crise não dá ali mostras de abrandar.
Mas a Itália não está só nesta tendência de progressão veloz da doença. O Irão, que soma agora 13.938 casos, dos quais 724 mortais, e que este domingo registou mais 1,209 casos de covid-19, é nesta altura o segundo país mais afetado, seguindo-lhe as pisadas muitos outros na Europa, como a Espanha, a Alemanha, ou a França, que estão a pôr também em prática medidas restritivas, na esperança de travar a pandemia.
Portugal, embora com números menores ainda - há agora 245 os casos confirmados, dos quais 76 surgiram nas últimas 24 horas - segue a mesma tendência de progressão da pandemia e a ministra da saúde Marta Temido não teve dúvidas em afirmar este domingo que em Portugal os casos vão continuar a aumentar até final de abril.
Sem fim à vista para a crise, e sem medicamentos específicos ou uma vacina que permitam combater e prevenir a nova doença, resta reduzir ao máximo o contágio através do distanciamento social e do cumprimento das restrições que foram determinadas. E isso cabe a todos os cidadãos. "Isto obriga a que todos nós mudemos os comportamentos", resume Filipe Froes, médico pneumologista, coordenador do gabinete de crise da Ordem dos Médicos e membro da task force da Direção-Geral da Saúde para infeção pelo novo coronavírus.