Não é difícil acreditar nas promessas culturais quando se olha para muitas das propostas anunciadas para este ano. Na música não faltam despedidas e muitos regressos; no cinema, os super-heróis não querem desaparecer mas haverá muito mais para descobrir e, entre as apostas literárias, surgem alguns livros ótimos e uma mão-cheia de surpresas..Música.O ano musical inicia-se com Madonna.Começa em grande este ano de 2020, não apenas com um mas com oito espetáculos de Madonna em Lisboa, marcados para os próximos dias 12, 14, 16, 18, 19, 21, 22 e 23. O palco escolhido foi o Coliseu dos Recreios, uma sala bem mais acolhedora do que a Altice Arena, onde há 16 anos se estreou ao vivo em Portugal, seguida do Parque da Belavista em 2008 e do Estádio Cidade de Coimbra em 2012. Desta vez, porém, é quase como um regresso a casa, pois desde 2017 que a cantora americana reside em Lisboa. E é bastante audível a presença portuguesa neste novo espetáculo de Madonna, seja através dos ritmos africanos das Batucadeiras de Cabo Verde ou da guitarra portuguesa do jovem prodígio Gaspar Varela..Os Coliseus continuam a ser a grande prova de força para as bandas nacionais e nos primeiros meses do ano, entre regressos e estreias, são bastantes os nomes que por lá vão passar. No final deste mês, a 31, os Linda Martini encerram no Coliseu dos Recreios a digressão do disco homónimo, lançado no ano passado, num concerto que será repetido a 13 de fevereiro no Coliseu do Porto, que marcará a estreia da banda lisboeta nesta sala. O rapper Plutónio e o coletivo de hip-hop Força Suprema também têm estreia marcada para o Coliseu dos Recreios, respetivamente a 14 de fevereiro e a 9 de maio - o primeiro atua também no Hard Club a 21 de fevereiro. Ainda que noutros locais, são também merecedores de destaque os espetáculos dos Capitão Fausto (com a Orquestra Filarmonia das Beiras) no Campo Pequeno, a 7 de março, e de Diogo Piçarra na Altice Arena, a 28 de março..Os artistas do Brasil são quase sempre garantia de casa cheia, em especial os de calibre como aqueles que já estão confirmados para este ano. Zeca Pagodinho traz a sua roda de samba ao Casino Estoril a 15 de fevereiro, Ana Carolina comemora 20 anos de carreira com uma minidigressão nacional com passagem pelo Multiusos de Guimarães (2 de abril), Rosa Mota Arena, no Porto (3 de abril), Campo Pequeno (5 de abril) e Convento de São Francisco, Coimbra (8 de abril), enquanto Gal Costa já tem concertos marcados para a Casa da Música a 7 de abril, para o Teatro das Figuras, em Faro, a 9 de abril, e para o teatro Tivoli, em Lisboa, a 11 de abril..Os fãs das sonoridades mais pesadas do rock também vão ter um ano em grande em 2020, que logo a 1 e 2 de fevereiro vai ficar marcado pelo regresso dos americanos Dream Theater aos palcos nacionais, neste caso o Multiusos de Gondomar e o Campo Pequeno, onde vão apresentar um espetáculo de duas horas e 45 minutos que vai passar em revista os 30 anos de carreira da maior banda de metal progressivo do mundo. A 20 de maio é a vez dos Guns n' Roses regressarem ao passeio Marítimo de Algés, onde atuaram há três anos. De volta vão estar também os lendários Kiss e os não menos icónicos Iron Maiden. Os primeiros apresentam-se a 7 de julho na Altice Arena, com a digressão de despedida dos palcos, enquanto os segundos atuam no Estádio Nacional a 23 de julho, naquele que será o primeiro concerto de estádio da banda britânica em território nacional..É um caso raro de consensualidade, o de Nick Cave, que nos últimos anos parece lançado para ocupar o lugar deixado vago por nomes como David Bowie ou Leonard Cohen no imaginário dos fãs de música. O regresso a Portugal do músico australiano, sempre na companhia dos fiéis Bad Seeds, acontece quase dois anos depois do memorável concerto no Nos Primavera Sound e tem tudo para ser um dos momentos mais altos de 2020..Não é todos os dias que se pode olhar nos olhos e ouvir ao vivo verdadeiras lendas vivas do rock, como britânicos Yes e os americanos Aerosmith, que neste ano vão estar em Portugal a festejar em palco os 50 anos de carreira. Os reis do rock progressivo apresentam-se a 24 de abril no Campo Pequeno e "a maior banda de rock and roll da América" chega a 6 de julho à Altice Arena, liderada, como sempre, pelo mediático vocalista Steven Tyler..Começou com um conceito diferente, de um festival que se prolonga durante todo um mês, mas cedo o Cool Jazz Fest se afirmou como um dos pontos altos da temporada dos festivais de música de verão. Nesta 17.ª edição volta a ter como epicentro o Hipódromo Manuel Possolo, em Cascais, que vai receber concertos de John Legend (3 de julho), Neneh Cherry (22 de julho), Lionel Richie (25 de julho) e mais alguns artistas que entretanto serão anunciados. Neste ano, no entanto, o Cool Jazz Fest terá a concorrência do novo festival Jardins do Marquês, a realizar também durante o mês de julho, em Oeiras e cujo primeiro nome anunciado é o britânico Cat Stevens (3 de julho)..Festivais de verão em força no ano do Rock in Rio.Está já ao rubro o campeonato dos grandes festivais de música de verão que neste ano volta a contar também com o Rock in Rio, de regresso ao parque da Bela Vista nos dias 20, 21, 27 e 28 de junho. Os nomes já anunciados para o primeiro fim de semana são: The Black Eyed Peas e Camila Cabello e The National e Foo Fighters. A liderança isolada nesta liga tão competitiva pertence para já ao Nos Alive, a realizar de 4 a 8 de julho no Passeio Marítimo de Algés e que mais uma vez parece apostado em fazer jus ao lema "o melhor cartaz, sempre". Kendrick Lamar, Taylor Swift, Alt-J, Billie Eilish, Faith No More, Anderson .Paak & The Free Nationals, Angel Olsen ou Da Weasel são alguns dos nomes já anunciados. Como habitualmente, a temporada tem início no fim de semana de 11 a 13 de junho, no Parque da Cidade do Porto, com o Nos Primavera Sound (apenas com os americanos Pavement confirmados), e prolonga-se até agosto, mês em que Paredes de Coura, de 19 a 22, é sempre um dos pontos altos, como se antevê pelos nomes já conhecidos, entre os quais sobressai gente como Viagra Boys, Pixies ou Idles. Pelo meio, há ainda Super Bock Super Rock, de 16 a 18 de julho, no Meco, já com a presença confirmada de A$AP Rocky e Foals..Ópera no estádio: Andrea Bocelli em Coimbra.Não é o local mais comum para se ouvir canto lírico, mas será mesmo num estádio, neste caso no Cidade de Coimbra, que Andrea Bocelli se vai apresentar no dia 4 julho, acompanhado por uma orquestra de 70 músicos e um coro com 60 vozes. Um dos tenores mais aplaudidos da atualidade, o cantor italiano vai dar um concerto dividido em duas partes; uma primeira que inclui algumas das árias de ópera mais conhecidas e outra direcionada para sonoridades mais pop..Música alternativa: Devendra Banhart e muitos mais.O cada vez mais amplo rótulo da música alternativa é talvez o melhor indicador para enquadrar uma série de concertos que prometem marcar a primeira metade do ano de 2020. Já neste mês, a 22 e 23 de janeiro, a cantora americana Angel Olsen apresenta no Capitólio, em Lisboa, o último disco, All Mirrors, em formato banda, repetindo o concerto também no Porto, a 24, no Hard Club. No mês seguinte é a vez de Explosions in the Sky (na Aula Magna, Lisboa, 1), Fat White Family (Hard Club, Porto, 4, e Lisboa ao Vivo, 5), Devendra Banhart (Hard Club, 15, e Capitólio, Lisboa, 16 e 17), Big Thief (Lisboa ao Vivo, 17, e Hard Club, 18) e Patrick Watson (Coliseu dos Recreios, 23, e Casa da Música, 24). Em abril, todos os caminhos vão dar à Altice Arena, onde os americanos Bon Iver vão apresentar o seu último disco i,i, enquanto em maio acontecerá o concerto dos americanos Swans no Hard Club, a 10, e dos alemães Einstürzende Neubauten na Aula Magna e na Casa da Música, a 25 e 26, respetivamente..Discos: Ainda há álbuns a serem lançados.São vários os lançamentos de novos discos já agendados para os primeiros meses do ano, entre os quais se destacam títulos como Rare, de Selena Gomez, ou Hotspot, dos Pet Shop Boys, Father of All..., dos Green Day, Quadra, dos Sepultura, The Slow Rush, dos Tame Impala, ou Miss_Anthrop0cene, dos Grimes. Ainda sem data anunciada, mas já também confirmados para 2020, estão álbuns de gente tão diversa como Rita Ora, Rosalía, Shawn Mendes, Ozzy Osbourne, Justin Bieber, The Killers ou Migos..CCB: Do flamenco até à clássica e Brel.Rocío Márquez vem apresentar o disco Visto en El Jueves ao Centro Cultural de Belém no próximo dia 11. Aclamada pela imprensa como "a voz da nova geração de canto flamenco", é uma das referências maiores do flamenco contemporâneo. A sua voz é considerada prodigiosa e já foi galardoada com um dos mais prestigiados prémios do flamenco, Lámpara Minera, tendo atuado em alguns dos palcos e festivais internacionais mais importantes..No dia 19 será a vez de a Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP) atuar no Grande Auditório do CCB, num programa em que Artur Pizarro junta-se de novo à OSP. O objetivo de Pizarro é dirigir e participar no Projeto Bach, que pretende ser uma autêntica festa pianística nos concertos para dois, três e quatro pianos do compositor barroco alemão. Estarão em palco Olga Prats, Artur Pizarro e Jorge Moyano, a que se junta o britânico Nick van Bloss..Salvador Sobral canta Brel é o nome do espetáculo que estará no dia 7 fevereiro no Grande Auditório do CCB. O cantor português vai cantar o repertório de Jacques Brel, cuja produção musical o tornou um dos principais representantes da chanson francófona. Salvador Sobral foi um dos cantores marcados pela carreira de Brel desde cedo e decidiu criar este concerto dedicado ao intérprete, com uma banda de sete músicos..A ópera La Bohème da Royal Opera House estará no CCB no dia 25 de fevereiro. Esta é uma das óperas de Puccini mais famosas e o libreto relata o amor jovem na Paris do século XIX, repleta de música, árias líricas, coros festivos para a evocação no II Ato da véspera de Natal no Quartier Latin e uma cena final comovente que fez chorar o próprio compositor. A produção é de Richard Jones e inclui alguns dos maiores intérpretes dos amantes boémios de Puccini, o coro e a orquestra da Royal Opera House..Gulbenkian: O regresso de Maisky e de Maria João Pires.A 25 e 26 de janeiro, a Fundação Calouste Gulbenkian apresenta o Festival dos Quartetos de Cordas para comemorar os 250 anos do nascimento de Ludwig van Beethoven. Um festival de música de câmara promovido em colaboração com a Bienal dos Quartetos de Cordas da Philharmonie de Paris, onde serão apresentados a integral dos Quartetos para Cordas do compositor alemão..Martha Argerich e Mischa Maisky estarão na Gulbenkian a 10 de fevereiro para interpretar Johannes Brahms, Sonata para Violoncelo e Piano n.º 2, em Fá maior, op. 99, Robert Schumann, Peças de Fantasia, op. 73, e Dmitri Shostakovich na Sonata para Violoncelo e Piano, em Ré menor, op. 40. Há muito que o violoncelista Mischa Maisky não toca na fundação, juntando-se agora à pianista argentina Martha Argerich. A parceria foi elogiada no The New York Times como um duo que "irradia um entusiasmo que nunca perde a sua elegância"..É o terceiro regresso da pianista portuguesa Maria João Pires à Gulbenkian nos últimos meses, desta vez a 21 de março. O programa do concerto conta com a interpretação da Sonata para Piano n.º 8, em Dó menor, op. 13, Patética, de Beethoven, a Suite Bergamasque Dois Prelúdios, de Debussy e, de novo Beethoven, na Sonata para Piano n.º 32, em Dó menor, op. 111. Este último é um compositor que sempre seduziu a pianista, por o considerar, como referiu em entrevista, "um iluminado e um mensageiro que trouxe algo à humanidade, tocado por uma graça"..Cinema.Sete grandes filmes a descobrir.Desde essa verdadeira aventura cinematográfica que é A Árvore da Vida (2011), Terrence Malick (76 anos) tem desenvolvido uma linguagem muito própria apostada em reinventar uma certa tradição dramática e melodramática para retratar as zonas mais fascinantes, e também mais enigmáticas, da intimidade humana. A Essência do Amor (2012), Cavaleiro de Copas (2015) e Música a Música (2017) eram já a expressão exemplar da sua visão. Agora, Malick evoca em Uma Vida Escondida a personagem verídica de Franz Jägerstätter, católico, camponês austríaco, que durante a Segunda Guerra Mundial recusou integrar o Exército nazi. O resultado vive de uma musicalidade interna tão particular quanto inconfundível, além do mais desafiando os intérpretes a performances que estão para além dos valores correntes do "retrato psicológico": na personagem de Jägerstätter, o ator alemão August Diehl consegue uma representação fora de série - foi um dos grandes filmes da última edição do Festival de Cannes. Estreia a 16 de janeiro..Eis uma aposta insólita e sedutora de Greta Gerwig: refazer o romance Mulherzinhas, de Louisa May Alcott (publicado em 1868), para as novas gerações. No elenco as jovens Saoirse Ronan e Emma Watson cruzam-se com a veterana Meryl Streep. Estreia a 30 janeiro..Portrait de la Jeune Fille, de Céline Sciamma, é mais um belo filme de Cannes, centrado na relação de duas mulheres em finais do século XVIII: uma delas vai casar-se, a outra, pintora, recebe a encomenda do retrato da noiva - com duas atrizes brilhantes, Noémie Merlant e Adèle Haenel. Estreia a 27 de fevereiro..Centrado na odisseia de um soldado português, em Moçambique, durante a Primeira Guerra Mundial, Mosquito, de João Nuno Pinto, é um dos vários títulos portugueses a estrear nos primeiros meses do ano - foi escolhido para a abertura oficial do Festival de Roterdão. Estreia dia 5 de março..É oficial: Daniel Craig despede-se da personagem de James Bond em 007, Sem Tempo para Morrer, realizado por Cary Joji Fukunaga, voltando a contracenar com Léa Seydoux. Desta vez, o "mau da fita" está entregue a Rami Malek, a colher os louros do Óscar ganho com Bohemian Rhapsody. Estreia a 9 de abril..Metade comédia, metade fantasia, o primeiro Ghostbusters tem data de 1984, tendo sido realizado por Ivan Reitman. Agora, é o seu filho, Jason Reitman, que assume a direção da sequela Caça-Fantasmas: O Legado - Bill Murray é um dos atores "repetentes". Estreia a 9 de julho..Será desta que vamos poder falar de um verdadeiro renascimento do género musical? Steven Spielberg arriscou refazer o clássico de 1961 West Side Story. Seja qual for o resultado, está já agendado para ser um dos grandes acontecimentos do Natal cinematográfico. Estreia a 17 de dezembro..Exposições.Descobrir Vivian Maier.Vivian Dorothea Maier (1926-2009) nasceu em Nova Iorque, passou a infância em França e voltou aos Estados Unidos, fixando-se em Chicago, onde trabalhou durante mais de 40 anos como babysitter. Mulher solitária e pouco simpática, vivia em quartos nas casas das famílias onde trabalhava, nos quais não deixava ninguém entrar. Pouco antes da sua morte foram encontradas caixas com milhares de negativos e rolos por revelar. Só então se descobriu a maravilhosa fotógrafa que ela era. Vivian fotografava obsessivamente. Passeava pelas ruas, sozinha ou com as crianças, e com a Rolleiflex ao pescoço fotografava de tudo um pouco, sobretudo as pessoas. Tirou mais de cem mil fotografias mas não se preocupava em mostrar o seu trabalho, nem sequer em vê-lo impresso. É parte desse espólio que iremos ver nesta exposição. Vivian Maier: Street Photographer . A partir de 17 de outubro no Centro Cultural de Cascais..Esculturas Infinitas e Noite e Dia.A exposição Esculturas Infinitas , com curadoria de Penelope Curtis, está neste momento em Paris e terá depois uma versão lisboeta, com uma seleção de réplicas em gesso provenientes da coleção da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa. Lado a lado, estarão os gessos e as obras de 16 artistas contemporâneos nacionais e estrangeiros. Esculturas Infinitas estará na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, de 27 de abril a 7 de setembro..Encontro e desencontro. Pedro Calapez e André Gomes são dois artistas da mesma geração (ambos nascidos na década de 1950) mas muito diferentes. Esta exposição, Seja Dia, Seja Noite, Pouco Importa, tem obras inéditas de ambos, aqui apresentadas em conjunto para sublinhar eventuais coincidências temáticas e os diferentes modos de expressão, sejam pinturas, fotografias ou desenhos. A partir de 14 de outubro no Museu Berardo, no CCB, em Lisboa..Teatro.Todos os solos de Mónica Calle.De março a maio, o Teatro São Luiz propõe uma viagem pelos sete solos que Mónica Calle criou nos últimos anos, a começar por A Boa Alma , o espetáculo de 2015, que partiu de Brecht e assinalou a saída da Casa Conveniente do Cais do Sodré e a chegada à Zona J de Chelas. Integrados no "Ciclo Mónica Calle: Este é o meu corpo", seguem-se Lar Doce Lar (de 2006), Os Meus Sentimentos (leitura integral da obra de Dulce Maria Cardoso, estreada em 2013), A Virgem Doida (foi com o texto de Rimbaud que Calle se estreou em 1992, dando início à Casa Conveniente), Variações sobre a Última Gravação de Krapp (2007, a partir de Beckett), Rua de Sentido Único (espetáculo para dois espectadores de cada vez, 2002), e Rosa Crucificação (o mais recente, estreado em 2019, a partir de Henry Miller)..Tiago Rodrigues entre o Rossio e a Inglaterra.Mesmo antes de ir passar uma temporada em Straford-upon-Avon, onde vai encenar Blindness and Seeing, a partir de José Saramago, com a Royal Shakespeare Company (estreia a 1 de agosto), o diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II estreia um outro espetáculo em Lisboa: Catarina e a Beleza de Matar Fascistas . Que parte de uma ideia muito simples: e se um grupo de pessoas decidisse recorrer a um ato de terrorismo e raptar um juiz para fazer executar uma justiça realmente justa. Tiago Rodrigues escreve o texto e encena. Em palco, entre 4 e 14 de junho, vão estar, entre outros, António Fonseca, Isabel Abreu, Pedro Gil e Sara Barros Leitão. E ainda antes disso, em abril, o encenador que recentemente ganhou o Prémio Pessoa vai trabalhar com duas coreógrafas, a francesa Mathilde Monnier e a hispano-suíça La Ribot, para criar o espetáculo Please Please Please ..Da stand-up comedy deBruno Nogueira à tragédia de Ricardo III.O espetáculo Depois do Medo estreou-se em novembro de 2018 e desde então foi apresentado mais de 30 vezes, de norte a sul do país, com lotações quase esgotadas. E, depois disso tudo,Bruno Nogueira ainda consegue o feito inédito de encher a Altice Arena com um espetáculo de stand-up comedy. Desta vez terá convidados: Ricardo Araújo Pereira, Carlos Coutinho Vilhena, Hélder Gonçalves e Manuela Azevedo. Será a 14 de fevereiro..Um homem simples, um funcionário, um solitário, um contador de histórias. Onze anos depois da estreia, os Artistas Unidos voltam a Uma Solidão Demasiado Ruidosa, monólogo de Bohumil Hrabal adaptado por Jorge Silva Melo e António Simão e interpretado por este último. Num ambiente kafkiano - é na Checoslováquia, mas podia ser aqui e agora. No Teatro da Politécnica, de 11 a 28 de março, e no Teatro Municipal Joaquim Benite, Almada, a 3 de abril..Uma das primeiras peças de Shakespeare, Ricardo III relata a história de Ricardo, duque de Gloucester, homem perverso e manipulador disposto a tudo para chegar ao poder. No elenco além de Diogo Infante e Alexandre Lencastre, juntos outra vez em palco, encontramos Lia Gama, Virgílio Castelo, Guilherme Filipe e Pedro Laginha. A encenação é de Marco Medeiros. De 16 de abril a 21 de junho, no Teatro da Trindade..Dança.Guimarães a dançar há dez anos.A celebrar uma década de existência, o festival GUIdance volta a levar alguns dos maiores nomes da dança contemporânea a Guimarães, durante uma semana: Tânia Carvalho, Vera Mantero, Marlene Monteiro de Freitas (o premiado Bacantes - Prelúdio para Uma Purga), Sofia Dias & Vítor Roriz são alguns portugueses dos que vão passar por lá. Entre os estrangeiros, destaque para o regresso das companhias de Akram Khan e Marir Chouinard. O Festival GUIdance decorre entre 6 e 16 de fevereiro..Os 10 000 Gestos de Boris Charmatz.O coreógrafo francês Boris Charmatz criou um espetáculo onde nenhum bailarino alguma vez repete um gesto, numa procura constante de algo novo e numa luta contra a cristalização do movimento. 10 000 Gestos é, portanto, exatamente o que o título promete: uma chuva contínua de dez mil movimentos únicos onde cada um é executado apenas uma vez para depois desaparecer para sempre. No Teatro Rivoli, no Porto, a 15 e 16 de fevereiro, e na Culturgest, em Lisboa, a 21 e 22 de fevereiro..Livros.As novidades literárias que vão surpreender.Entre os muitos romances que vão ser lançados neste ano estão duas autoras muito desejadas. Uma portuguesa, Ana Teresa Pereira, que regressa neste mês depois do premiado Karen com O Atelier de Noite. A história desta novidade da editora Relógio d"Água leva o leitor até ao desaparecimento de Agatha Christie durante quase duas semanas enquanto a escritora procura respostas para o desaparecimento de uma outra mulher. A autora estrangeira é Elena Ferrante, que, depois da tetralogia A Amiga Genial, tem milhões de leitores ansiosos em todo o mundo e milhares em Portugal pelo novo livro, que sai em junho..Um dos romances mais aclamados do último ano foi The Nickel Boys, de Colson Whitehead, e a editora Alfaguara vai publicá-lo em setembro. O autor teve grande sucesso com o anterior livro, A Estrada Subterrânea, e sobre este há quem diga que é da ficção mais verdadeira que se pode escrever..O regresso à biografia que a editora Contraponto impôs com um projeto para vários volumes - Agustina Bessa-Luís e Manoel de Oliveira já foram lançados - terá um novo impulso com aquela que é considerada "uma verdadeira biografia de Amália". O pretexto é (também) o centenário do nascimento de Amália e a autora é Filipa Melo, que promete incluir na coleção de Biografias de Grandes Figuras da Cultura Portuguesa Contemporânea uma obra muito rigorosa, realizada a partir de uma extensa investigação documental e testemunhal, cruzando deste modo aproximações distintas à personalidade de Amália Rodrigues, revelando uma dimensão psicológica mais complexa e enigmática, e explicando o seu instinto artístico e poético inato e sofisticado. Sairá depois do verão..O mais anónimo mas não menos conhecido dos poetas portugueses volta às livrarias com Apresentação do Rosto. Trata-se de Herberto Helder e do seu livro publicado em 1968, numa reedição da Porto Editora e com as alterações que o próprio autor foi fazendo num exemplar seu. Sobre ele, dizia que era "uma autobiografia romanceada" e que entre os prólogos e os epílogos percorria "sempre o mesmo caminho"..Ainda faltam vários meses (chega em junho) para se poder ler O Ano do Macaco, a tradução de uma narrativa de Patti Smith feita de encontros e de perdas que viveu durante o ano em que fez 70 anos. O livro editado pela Quetzal passa-se entre concertos e começa com a chegada de Patti Smith a um motel na Califórnia, onde levanta o pano sobre a situação política norte-americana e desvenda os pensamentos sobre a morte de dois amigos: Sandy Pearlman e Sam Shepard..Entre os livros mais esperados deste ano está o Girl, Woman, Other, de Bernardine Evaristo. O romance a ser editado pela Elsinore teve uma receção extraordinária na língua inglesa e foi vencedor do Man Booker Prize 2019 (ex aequo com Os Testamentos, de Margaret Atwood), reproduzindo histórias de vida entrecruzadas de mulheres negras. De Margaret Atwood será também publicada em fevereiro a novela gráfica de A História de Uma Serva, com ilustrações de Renee Nault. Um mês depois, a Bertrand lançará o premiado Os Testamentos..A editora Cavalo de Ferro vai publicar um romance da mais recente prémio Nobel (edição 2018), Olga Tokarczuk, intitulado Outrora e Outros Tempos. É o seu terceiro romance e foi o primeiro grande sucesso da escritora polaca no mundo da literatura. No seguimento do grande sucesso que foi o romance O Tatuador de Auschwitz, a autora Heather Morris vai ter traduzida em português pela Editorial Presença uma sequela: A Coragem de Cilka. Será publicado em fevereiro.