Macron lança ministra da Saúde na corrida à Câmara de Paris
"Eu vou, eu quero ir. E vou para vencer." Foi com uma declaração tão curta quanto determinada que Agnès Buzyn confirmou à AFP que será a candidata pelo partido A República em Marcha (LREM) à autarquia da capital francesa, em substituição de Benjamin Griveaux. Na sexta-feira, o ex-porta-voz do presidente francês anunciou a desistência da candidatura na sequência da divulgação de um vídeo de conteúdo sexual que Griveaux enviara a uma mulher.
A saída de cena de Griveaux criou um enorme desafio ao partido de Emmanuel Macron. A nova candidata tem agora menos de um mês para fazer campanha numa eleição em que a maire atual, a socialista Anne Hidalgo, é a grande favorita.
A campanha de Griveaux já estava em dificuldades antes do surgimento do filme de conteúdo sexual, porque o seu eleitorado foi dividido pelo apoiante de Macron Cédric Villani, um prestigiado matemático. As sondagens colocavam a candidatura do LREM em terceiro lugar, atrás da de Anne Hidalgo e de Rachida Dati, ex-ministra da Justiça durante a presidência de Nicolas Sarkozy.
Uma fonte do partido no poder confirmou que Buzyn iria deixar o governo para lançar sua campanha e seria substituída nas próximas horas na pasta da saúde e da solidariedade.
A polícia francesa deteve para interrogatório a namorada de um artista russo que disse ter sido o autor da divulgação da gravação que levou Griveaux a desistir, além de também ter questionado o russo, detido na véspera.
Pyotr Pavlensky artista de 35 anos que recebeu asilo político em França em 2017, afirmou ter divulgado o vídeo. No entanto, foi preso no sábado por causa de uma rixa em, que esteve envolvido numa festa de Ano Novo. No domingo, no entanto, a polícia voltou as atenções para as imagens publicadas online de um homem apresentado como Griveaux a masturbar-se, juntamente com mensagens de texto alegadamente enviadas pelo político a uma mulher.
A namorada de Pavlensky, Alexandra de Taddeo, foi detida no sábado à noite sob acusações de invasão de privacidade e publicação de imagens de natureza sexual sem consentimento. Acredita-se que a francesa de 29 anos poderá ter sido quem recebeu as mensagens.
Na sexta-feira, Pavlensky disse à AFP que tinha divulgado o vídeo para expor a "hipocrisia nojenta" de Griveaux, de 42 anos, por "usar a imagem da família, da mulher e dos filhos para criar uma imagem política e se apresentar como um ícone para todos os pais e maridos de Paris" e ter um comportamento contrário.
Pavlensky, que ficou famoso por pregar os testículos no chão da Praça Vermelha para denunciar a "apatia política" da sociedade russa e por ter pegado fogo à porta da sede da FSB (ex-KGB), disse que queria colocar mais material numa "plataforma de pornografia política".