Os melhores surfistas do mundo estão em Peniche para competir no Moche Rip Curl Pro Portugal, a décima e penúltima etapa do circuito. A janela temporal para a realização da prova começa amanhã e, dependendo do mar, poderá estender-se até final do mês. Tal como no ano passado, e com Gabriel Medina então como protagonista, é possível que o campeão do mundo venha a sagrar-se já em Portugal. Porém, dos candidatos ao título, só Mick Fanning, líder do ranking e vencedor da primeira e última edições em Supertubos (2009 e 2014), está em condições de atingir tal proeza..A representar Portugal estarão três surfistas, todos eles agraciados com convite endereçado pela organização..Poucos dias após se ter sagrado bicampeão nacional, Frederico Morais foi convidado para competir em Peniche, juntando-se assim às presenças já confirmadas de Tiago Pires, o melhor surfista português de todos os tempos, e Vasco Ribeiro, vencedor do mundial de juniores no ano passado. Tais participações só foram possíveis devido ao número de baixas entre a elite: Taj Burrow não vem porque que foi pai, Fred Patacchia deixou o Tour no mês passado, anunciando a sua retirada em plena etapa na Califórnia, e Jordy Smith e Matt Banting estão lesionados. Com apenas dois dos quatro substitutos do circuito disponíveis, essas vagas acabaram por ser concedidas a Saca e Kikas..Já Vasco entra a convite da Moche, patrocinadora do evento também apoiado pela EDP e o Turismo de Portugal, por ser o melhor português no ranking mundial de qualificação - ocupa atualmente o 38.º lugar. Nas vésperas daquela que será a sua estreia no Tour, o surfista de 20 anos confessou ao DN estar muito "contente pela oportunidade" e disse que "o objetivo é ganhar". Além disso, "será um prazer surfar à frente daquelas pessoas todas". Por seu turno Tiago, e obviamente "feliz pelo reconhecimento", disse-nos que neste ano não está "sob pressão nenhuma" mas, dado o trauma que Peniche é para si, não quer "prometer nada". A somar ao trio lusitano, há ainda outro convidado - o havaiano Mason Ho, de 27 anos e atleta da Rip Curl..Festa para Fanning?.Onze etapas compõem o circuito mundial, e todos os surfistas descartam os seus dois piores resultados. Cada vitória vale 10 mil pontos e por isso ainda estão 20 mil em jogo. Esta soma faz que os nove primeiros do ranking ainda tenham hipóteses matemáticas de vencer o título. No entanto, em termos práticos, a luta está entre Mick Fanning (1.º), Adriano de Souza (2.º), Owen Wright (3.º), Julian Wilson (4.º), Gabriel Medina (5.º) e Filipe Toledo (6.º)..Para o australiano com a camisola amarela - e cujo rosto está muito mediatizado até pelos que não seguem o surf depois de em julho ter sido atacado por um tubarão na final da etapa na África do Sul -, a conta é simples. Com 49 900 pontos e para antecipar a festa, Mick tem de vencer a prova e esperar que o seu maior rival, De Souza, não passe da terceira ronda do evento - um resultado pouco provável para o brasileiro. Qualquer outro desfecho empurra a decisão para a última paragem, no Havai..Matemática do título.Excluindo Fanning, o único avanço que De Souza, Owen Wright, Julian Wilson, Gabriel Medina e Filipe Toledo podem alcançar em Peniche é a liderança do ranking. E quem mais hipóteses tem de o fazer é o brasileiro e segundo da tabela. Caso ganhe em Supertubos, como o fez em 2011, Adriano reassume o comando que Fanning lhe roubou em setembro. Se for segundo ou terceiro, terá de acabar à frente de Mick para voltar a ser número um. Qualquer outro cenário prende-se com os desempenhos dos restantes adversários. Mas a verdade é que "Mineirinho" só depende de si para ser campeão. Isto é, se vencer as duas últimas etapas, fatura o título que há tanto almeja, mesmo com o australiano a chegar às finais. E, se for vice em ambas, apenas precisa de terminar à frente de Mick..Para Medina, que nas últimas etapas subiu ranking acima com performances surpreendentes, a tarefa é bem mais dura. Mesmo que vença em Peniche, o prodígio de Maresias terá de rezar para que Fanning e Adriano não passem da terceira fase para assumir a liderança. O atual campeão mundial, que chegou a ficar na zona de eliminação da tabela nos primeiros meses do ano, parece estar de volta à luta. Se ganhar as duas etapas que faltam, e Mick e Adriano só chegarem a uma meia-final, o título é dele. Outro cenário bom para Gabriel seria ganhar uma etapa e ser vice na outra, com o conterrâneo a não alcançar as meias em nenhuma delas e Fanning a cair nos quartos numa e na quinta ronda na outra. Se ficar em segundo nas duas, De Souza não pode chegar aos quartos e Mick só poderá alcançar tal fase numa delas. Quaisquer resultados inferiores a estes, tornam o título praticamente impossível. "O que vier é lucro", disse Medina após a estrondosa vitória na etapa anterior, em França, "mas se eles falharem, eu estou aqui."