Luta pelo título mundial chega acesa a Peniche

Dos candidatos, apenas o australiano Mick Fanning, campeão mundial em 2007, 2009 e 2013, pode fazer a festa na Praia de Supertubos. Três portugueses nas ondas de Peniche
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Os melhores surfistas do mundo estão em Peniche para competir no Moche Rip Curl Pro Portugal, a décima e penúltima etapa do circuito. A janela temporal para a realização da prova começa amanhã e, dependendo do mar, poderá estender-se até final do mês. Tal como no ano passado, e com Gabriel Medina então como protagonista, é possível que o campeão do mundo venha a sagrar-se já em Portugal. Porém, dos candidatos ao título, só Mick Fanning, líder do ranking e vencedor da primeira e última edições em Supertubos (2009 e 2014), está em condições de atingir tal proeza.

A representar Portugal estarão três surfistas, todos eles agraciados com convite endereçado pela organização.

Poucos dias após se ter sagrado bicampeão nacional, Frederico Morais foi convidado para competir em Peniche, juntando-se assim às presenças já confirmadas de Tiago Pires, o melhor surfista português de todos os tempos, e Vasco Ribeiro, vencedor do mundial de juniores no ano passado. Tais participações só foram possíveis devido ao número de baixas entre a elite: Taj Burrow não vem porque que foi pai, Fred Patacchia deixou o Tour no mês passado, anunciando a sua retirada em plena etapa na Califórnia, e Jordy Smith e Matt Banting estão lesionados. Com apenas dois dos quatro substitutos do circuito disponíveis, essas vagas acabaram por ser concedidas a Saca e Kikas.

Já Vasco entra a convite da Moche, patrocinadora do evento também apoiado pela EDP e o Turismo de Portugal, por ser o melhor português no ranking mundial de qualificação - ocupa atualmente o 38.º lugar. Nas vésperas daquela que será a sua estreia no Tour, o surfista de 20 anos confessou ao DN estar muito "contente pela oportunidade" e disse que "o objetivo é ganhar". Além disso, "será um prazer surfar à frente daquelas pessoas todas". Por seu turno Tiago, e obviamente "feliz pelo reconhecimento", disse-nos que neste ano não está "sob pressão nenhuma" mas, dado o trauma que Peniche é para si, não quer "prometer nada". A somar ao trio lusitano, há ainda outro convidado - o havaiano Mason Ho, de 27 anos e atleta da Rip Curl.

Festa para Fanning?

Onze etapas compõem o circuito mundial, e todos os surfistas descartam os seus dois piores resultados. Cada vitória vale 10 mil pontos e por isso ainda estão 20 mil em jogo. Esta soma faz que os nove primeiros do ranking ainda tenham hipóteses matemáticas de vencer o título. No entanto, em termos práticos, a luta está entre Mick Fanning (1.º), Adriano de Souza (2.º), Owen Wright (3.º), Julian Wilson (4.º), Gabriel Medina (5.º) e Filipe Toledo (6.º).

Para o australiano com a camisola amarela - e cujo rosto está muito mediatizado até pelos que não seguem o surf depois de em julho ter sido atacado por um tubarão na final da etapa na África do Sul -, a conta é simples. Com 49 900 pontos e para antecipar a festa, Mick tem de vencer a prova e esperar que o seu maior rival, De Souza, não passe da terceira ronda do evento - um resultado pouco provável para o brasileiro. Qualquer outro desfecho empurra a decisão para a última paragem, no Havai.

Matemática do título

Excluindo Fanning, o único avanço que De Souza, Owen Wright, Julian Wilson, Gabriel Medina e Filipe Toledo podem alcançar em Peniche é a liderança do ranking. E quem mais hipóteses tem de o fazer é o brasileiro e segundo da tabela. Caso ganhe em Supertubos, como o fez em 2011, Adriano reassume o comando que Fanning lhe roubou em setembro. Se for segundo ou terceiro, terá de acabar à frente de Mick para voltar a ser número um. Qualquer outro cenário prende-se com os desempenhos dos restantes adversários. Mas a verdade é que "Mineirinho" só depende de si para ser campeão. Isto é, se vencer as duas últimas etapas, fatura o título que há tanto almeja, mesmo com o australiano a chegar às finais. E, se for vice em ambas, apenas precisa de terminar à frente de Mick.

Para Medina, que nas últimas etapas subiu ranking acima com performances surpreendentes, a tarefa é bem mais dura. Mesmo que vença em Peniche, o prodígio de Maresias terá de rezar para que Fanning e Adriano não passem da terceira fase para assumir a liderança. O atual campeão mundial, que chegou a ficar na zona de eliminação da tabela nos primeiros meses do ano, parece estar de volta à luta. Se ganhar as duas etapas que faltam, e Mick e Adriano só chegarem a uma meia-final, o título é dele. Outro cenário bom para Gabriel seria ganhar uma etapa e ser vice na outra, com o conterrâneo a não alcançar as meias em nenhuma delas e Fanning a cair nos quartos numa e na quinta ronda na outra. Se ficar em segundo nas duas, De Souza não pode chegar aos quartos e Mick só poderá alcançar tal fase numa delas. Quaisquer resultados inferiores a estes, tornam o título praticamente impossível. "O que vier é lucro", disse Medina após a estrondosa vitória na etapa anterior, em França, "mas se eles falharem, eu estou aqui."

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