O isolado líder da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, falou na quarta-feira pela segunda vez nesta semana com a chanceler alemã Angela Merkel, horas depois de parte dos migrantes acampados junto à fronteira com a Polónia terem sido alojados num armazém logístico, um sinal de apaziguamento por parte de Minsk, acusada de usar os migrantes como arma política..Para a primeira-ministra da Estónia, Eva-Maria Liimets, o que se passa é claro: Lukashenko procura o reconhecimento internacional e em específico da União Europeia, tendo em conta que o resultado das eleições de 2020 não foi reconhecido pela UE e foram reimpostas sanções pela vaga repressiva que se seguiu. Estas foram entretanto agravadas após o sequestro de um avião comercial para prender um opositor e dentro de dias novas sanções vão atingir 30 pessoas e entidades por "tráfico humano" relativo a esta vaga de cidadãos oriundos na maioria do Iraque, mas também da Síria e Afeganistão. "Ele quer que as sanções sejam travadas e que seja reconhecido como chefe de Estado para poder continuar", disse Liimets à televisão estónia..Para já conseguiu voltar a falar com um dirigente do ocidente depois das eleições e logo em duas ocasiões. O chefe da diplomacia europeia Josep Borrell também manteve diálogo com o ministro dos Negócios Estrangeiros bielorrusso Vladimir Makei..DestaquedestaqueO diretor da agência europeia de fronteiras Fabrice Leggeri lembra que não é a primeira vez que há um fluxo migratório manipulado contra a União Europeia..O porta-voz de Angela Merkel Steffen Seibert disse que é útil falar com Minsk "para melhorar a situação humanitária", mesmo que as conversações sejam com um líder cuja legitimidade Berlim e Bruxelas não reconhecem. No mesmo tom falou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, que classificou o diálogo de "muito importante". Já o governo polaco lamentou a conversa entre Merkel e Lukashenko: "Não é um bom passo", declarou o porta-voz do executivo liderado por Mateusz Morawiecki, tendo explicado que desta forma está a reconhecer-se o líder autocrático..Visões diferentes tiveram também Berlim e Minsk sobre o mais recente telefonema. O gabinete de imprensa de Lukashenko disse que o bielorrusso e Merkel "concordaram que o problema como um todo será levado até ao nível da Bielorrússia e da UE" e que os "funcionários relevantes a serem determinados por ambas as partes iniciarão imediatamente negociações para resolver os problemas existentes". No entanto, para o porta-voz da presidente da Comissão Europeia, as conversações serão "técnicas" e envolvem UE, a agência das Nações Unidas para os refugiados e a Organização Internacional para as Migrações, tal como Steffen Seibert havia dito..Twittertwitter1461038838932033536.No terreno, horas depois de as forças polacas terem utilizado gás lacrimogéneo e canhões de água em resposta às pedras arremessadas por migrantes, enquanto a Polónia proíbe organizações humanitárias, jornalistas e médicos de se aproximarem da zona declarada estado de emergência, a Bielorrússia - cujo regime mantém milhares de presos políticos - mostra o seu lado humanitário. As autoridades transportaram de autocarro centenas de migrantes da fronteira polaca para um armazém próximo, fornecendo abrigo temporário numa altura em que as temperaturas estão perto dos zero graus. Segundo o assessor de Lukashenko Yuri Karayev, 1100 migrantes foram realojados e cerca de 800 mantêm-se acampados ao longo da fronteira, sendo agora objetivo oficial acabar com os acampamentos..Sinais de distensão, mas UE avança com mais sanções à Bielorrússia ."Os meus filhos estavam a congelar e prestes a morrer", disse Bahlia Ahmed ao New York Times, entre as centenas de migrantes no armazém logístico. A mulher de 31 anos disse temer que a família acabe deportada, mas o risco de permanecer ao relento era maior. Para hoje, segundo o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraquiano, é esperado o primeiro voo de repatriamento. Segundo Ahmed al-Sahaf, a ligação aérea destina-se a quem se voluntarie..O diretor da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex) Fabrice Leggeri disse que a agência está a trabalhar com as autoridades polacas para organizar repatriações de até 1700 migrantes para o Iraque através de voos charter nas próximas semanas..Em entrevista à AFP, o dirigente francês disse que a UE tem de estar preparada para mais crises migratórias. "Chame-se chantagem, chame-se chantagem geopolítica, chame-se ameaça híbrida", disse Leggeri, esta não é a primeira vez que a UE vive uma situação destas. Aconteceu no ano passado entre a fronteira da Turquia e da Grécia e este ano em Ceuta. "Deve abrir os olhos das pessoas que não compreenderam que os fluxos migratórios podem ser manipulados para fins políticos contra a UE para obter algo", disse o diretor da Frontex no mesmo dia em que o ministro da Defesa da Polónia Mariusz Blaszczak advertiu que a crise migratória pode "durar meses ou mesmo anos"..cesar.avo@dn.pt
O isolado líder da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, falou na quarta-feira pela segunda vez nesta semana com a chanceler alemã Angela Merkel, horas depois de parte dos migrantes acampados junto à fronteira com a Polónia terem sido alojados num armazém logístico, um sinal de apaziguamento por parte de Minsk, acusada de usar os migrantes como arma política..Para a primeira-ministra da Estónia, Eva-Maria Liimets, o que se passa é claro: Lukashenko procura o reconhecimento internacional e em específico da União Europeia, tendo em conta que o resultado das eleições de 2020 não foi reconhecido pela UE e foram reimpostas sanções pela vaga repressiva que se seguiu. Estas foram entretanto agravadas após o sequestro de um avião comercial para prender um opositor e dentro de dias novas sanções vão atingir 30 pessoas e entidades por "tráfico humano" relativo a esta vaga de cidadãos oriundos na maioria do Iraque, mas também da Síria e Afeganistão. "Ele quer que as sanções sejam travadas e que seja reconhecido como chefe de Estado para poder continuar", disse Liimets à televisão estónia..Para já conseguiu voltar a falar com um dirigente do ocidente depois das eleições e logo em duas ocasiões. O chefe da diplomacia europeia Josep Borrell também manteve diálogo com o ministro dos Negócios Estrangeiros bielorrusso Vladimir Makei..DestaquedestaqueO diretor da agência europeia de fronteiras Fabrice Leggeri lembra que não é a primeira vez que há um fluxo migratório manipulado contra a União Europeia..O porta-voz de Angela Merkel Steffen Seibert disse que é útil falar com Minsk "para melhorar a situação humanitária", mesmo que as conversações sejam com um líder cuja legitimidade Berlim e Bruxelas não reconhecem. No mesmo tom falou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, que classificou o diálogo de "muito importante". Já o governo polaco lamentou a conversa entre Merkel e Lukashenko: "Não é um bom passo", declarou o porta-voz do executivo liderado por Mateusz Morawiecki, tendo explicado que desta forma está a reconhecer-se o líder autocrático..Visões diferentes tiveram também Berlim e Minsk sobre o mais recente telefonema. O gabinete de imprensa de Lukashenko disse que o bielorrusso e Merkel "concordaram que o problema como um todo será levado até ao nível da Bielorrússia e da UE" e que os "funcionários relevantes a serem determinados por ambas as partes iniciarão imediatamente negociações para resolver os problemas existentes". No entanto, para o porta-voz da presidente da Comissão Europeia, as conversações serão "técnicas" e envolvem UE, a agência das Nações Unidas para os refugiados e a Organização Internacional para as Migrações, tal como Steffen Seibert havia dito..Twittertwitter1461038838932033536.No terreno, horas depois de as forças polacas terem utilizado gás lacrimogéneo e canhões de água em resposta às pedras arremessadas por migrantes, enquanto a Polónia proíbe organizações humanitárias, jornalistas e médicos de se aproximarem da zona declarada estado de emergência, a Bielorrússia - cujo regime mantém milhares de presos políticos - mostra o seu lado humanitário. As autoridades transportaram de autocarro centenas de migrantes da fronteira polaca para um armazém próximo, fornecendo abrigo temporário numa altura em que as temperaturas estão perto dos zero graus. Segundo o assessor de Lukashenko Yuri Karayev, 1100 migrantes foram realojados e cerca de 800 mantêm-se acampados ao longo da fronteira, sendo agora objetivo oficial acabar com os acampamentos..Sinais de distensão, mas UE avança com mais sanções à Bielorrússia ."Os meus filhos estavam a congelar e prestes a morrer", disse Bahlia Ahmed ao New York Times, entre as centenas de migrantes no armazém logístico. A mulher de 31 anos disse temer que a família acabe deportada, mas o risco de permanecer ao relento era maior. Para hoje, segundo o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraquiano, é esperado o primeiro voo de repatriamento. Segundo Ahmed al-Sahaf, a ligação aérea destina-se a quem se voluntarie..O diretor da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex) Fabrice Leggeri disse que a agência está a trabalhar com as autoridades polacas para organizar repatriações de até 1700 migrantes para o Iraque através de voos charter nas próximas semanas..Em entrevista à AFP, o dirigente francês disse que a UE tem de estar preparada para mais crises migratórias. "Chame-se chantagem, chame-se chantagem geopolítica, chame-se ameaça híbrida", disse Leggeri, esta não é a primeira vez que a UE vive uma situação destas. Aconteceu no ano passado entre a fronteira da Turquia e da Grécia e este ano em Ceuta. "Deve abrir os olhos das pessoas que não compreenderam que os fluxos migratórios podem ser manipulados para fins políticos contra a UE para obter algo", disse o diretor da Frontex no mesmo dia em que o ministro da Defesa da Polónia Mariusz Blaszczak advertiu que a crise migratória pode "durar meses ou mesmo anos"..cesar.avo@dn.pt