Luís Buchinho destaca-se no segundo dia de Portugal Fashion
O segundo dia de Portugal Fashion no Porto começou por volta das 16.00, mas os grandes momentos do dia ficaram guardados para depois do sol se pôr. O momento alto da noite foi o desfile de Luís Buchinho que apresentou uma das coleções mais interessantes dos últimos anos. Miguel Vieira fechou a noite o ritmo do Rock e Hugo Costa trouxe para a passerelle propostas masculinas que muitas mulheres gostavam de ter.
Imagine uma cidade ao longe, imagine o céu escuro que se dissipa num cenário urbano onde os anúncios a néon e a luzes do carro são os únicos flashes no meio da noite. Se esta imagem a lembra de algumas cenas de Blade Runner, então está em plena sintonia com Luís Buchinho, que se inspirou neste filme para criar a sua coleção de outono-inverno 2018/2019.
" Inspirei-me no Blade Runner, mas também no trabalho da artista plástica Lilian Schwarz, que tem muito a ver com o universo virtual. Trabalhei a ideia de uma sensualidade tecnológica, muito retirado ao ambiente do filme, em que há mulheres reais e mulheres cibernéticas. Trabalhei uma paleta luminosa, muito perto dos laranjas. É como se estivéssemos olhar para uma cidade de longe e vemos um ambiente muito escuro pontuado por uns pontos de luz, onde existe néon , luzes de carro, isso foi transmitido através de estampados que retratam isso de uma forma muito abstrata", explicou o designer ao Delas.pt, horas antes do desfile, enquanto fazia as provas finais para o desfile.
As silhuetas mantiveram-se fiéis ao traço de Buchinho, vimos as assimetrias, os godês, as linhas ondulantes que dão uma ideia de dinamismo e movimento, uma das características mais marcantes da assinatura do designer. Mantiveram-se também as misturas de materiais, os acabamentos técnicos e os padrões gráficos. É impossível escolher apenas uma peça para dar destaque, mas salientamos o regresso do designer às malhas, que ganharam estrutura e acabamentos técnicos metalizados que lhes imprimiram força, tornando-as na imagem de uma armadura confortável, uma armadura para mulheres urbanas.
Depois de Luís foi a vez de desfilar Micaela Oliveira que decorou a Black Room- sala de desfiles dedicada às marcas- com árvores, recriando o cenário das histórias encantadas que lhe serviram de inspiração. O desfile começou com quatro cantoras de ópera que fizeram a introdução ao desfile. A primeira a desfilar foi a atriz Rita Pereira, com uma capa longa e uma atitude determinada, desfilou ainda uma modelo grávida que tal como a atriz recebeu uma ovação. A coleção pintou-se de tons nudes, verdes, pedras, rendas e muitos detalhes. Um coleção grande de vestidos de gala com alguma ideias interessantes, mas cm falta de melhores acabamentos.
Quem fechou a noite foi Miguel Viera com propostas masculinas e femininas para o próximo inverno. O designer inspirou-se no Rock & Roll e criou uma coleção onde o clássico e o irreverente se unem. O desfile abriu com Maria Clara vestida com uma reinterpretação do smoking, esta versão ganhou pêlo e acrescentou alguns centímetros ao comprimento. De destacar são as peças de cabedal, os ombros estruturados, as saias cruzadas, os materiais com brilho e acabamentos metalizados, os decotes profundos, os padrões com bolas, e os materiais que com padrões de xadrez e bolas de pêlo. Esta coleção propõem uma mulher com uma sexy, sofisticada e muito cool, mais Rock & Roll era impossível.
Na passerelle principal, Hugo Costa apresentou uma coleção cheia de cor inspirada no Punk que, segundo o designer, não morreu apenas se deixou de vestir de preto para abraçar o fúcsia e o azulão. As propostas do estilista para o próximo inverno são bastante urbanas, com uma grande vertente de streetstyle. Os essenciais do guarda roupa masculino são apresentados em tamanho oversize e tecidos com pouca estrutura. David Catalán também apresentou propostas masculinas com um cunho muito urbano. Já Carla Pontes e Inês Torcato, que também desfilaram na sala principal mostraram propostas femininas.
Na outra sala de desfiles foram recebidas as propostas de Pé de Chumbo e Meam. Tendo a primeira marca criado uma coleção mais urbana, através da criação de padrões xadrez, sem deixar de usar a sua técnica de criação de tecido pouco tradicional. À semelhança do que aconteceu no desfile de Micaela Oliveira também a Meam abriu o desfile com música ao vivo.
Hoje, dia 24 de março, os desfiles continuam, sendo os desfiles mais aguardados do dia o de Nuno Baltazar e Diogo Miranda.