Lituânia denuncia "terrorismo de Estado" contra a UE e exige sanções contra Bielorrússia

Presidente lituano viajou de Vílnius para Bruxelas com uma lista de medidas que quer ver aprovadas contra o país vizinho, apelando à UE para passar a ações concretas.
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O presidente lituano, Gitanas Nausėda rejeitou esta segunda-feira a explicações de Minsk para o desvio do voo da Ryanair, considerando que se tratou de "um ato aberrante e sem precedentes", que não hesita em classificar como "terrorismo de Estado".

Nausėda considera que "o tempo da retórica e das expressões vocais terminou", e espera que União Europeia tome "ações claras, para mudarmos um padrão de comportamento desse regime muito perigoso".

"Uma das possibilidades é banir, ou fechar o espaço aéreo da União Europeia à companhia de aviação bielorrussa, e reconhecer também o espaço aéreo bielorrusso como inseguro para voos civis", afirmou Gitanas Nausėda que viajou de Vílnius para Bruxelas, onde espera ver também aprovada "a expansão das sanções contra este regime".

O presidente rejeita as explicações de Minsk para o avião da Ryanair ter sido conduzido a aterrar na capital da Bielorússia, e recupera a cronologia dos acontecimentos, para dizer que se tratou de um bloqueio à oposição.

"O avião pertencente à Ryanair foi forçado a aterrar em Minsk, com a ajuda de dois meios militares: o caça MIG29 e o helicóptero M.I. 24. A razão pela qual isso aconteceu foi porque o ativista e voz da oposição Roman Protasevich estava a bordo", afirmou.

À entrada para a cimeira, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, condena atuação de Minsk e admitiu que possa haver decisões, já esta noite, perante "o ato inaceitável" das autoridades da Bielorrússia.

"O que aconteceu ontem é um escândalo internacional", afirmou Charles Michel, lamentando que "as vidas de civis europeus tenham sido postas em risco. Isto não é aceitável".

Charles Michel afirmou que o "debate sobre sanções está em cima da mesa do Conselho Europeu", havendo "diferentes opções, [e] deferentes medidas possíveis. E, espero que esta noite possamos tomar decisões sobre isso".

O assunto está a ser visto com grande preocupação na União Europeia. E há vários governos que pedem sanções, contra o regime de Alexander Lukashenko. Mas, é necessária de unanimidade entre os 27.

Em dezembro a União Europeia aplicou uma terceira ronda de sanções, incluindo ao próprio presidente bielorruso, com um total de 88 pessoas e sete entidades próximas do poder já sancionadas por Bruxelas.

Ainda antes do arranque da cimeira, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell convocou o embaixador da Bielorrússia junto da União Europeia, expressando-lhe a "mais forte condenação do passo inadmissível dado pelas autoridades bielorrussas", com o "sequestro de um avião".

"Isto constitui uma nova tentativa flagrante de silenciar a oposição", afirmou Borrell.

A chanceler alemã, Angela Merkel, considerou tratar-se de "um comportamento sem precedentes das autoridades bielorrussas", com a "aterragem forçada que conduziu à prisão de um membro da oposição bielorrussa".

"Roman Protasevich deve ser libertado imediatamente, todas as outras explicações relativas à aterragem desta aeronave da Ryanair não são fiáveis, o mesmo se aplica à sua parceira Sofia Sapega", defendeu a chanceler, dizendo tratar-se "disso que a UE vai exigir".

"Ao mesmo tempo, discutiremos que tipo de medidas podemos tomar contra a Bielorrússia como reação europeia unificada", afirmou, admitindo uma expansão da lista de sanções. "O presidente Lukashenko já foi inscrito [nessa lista]", lembrou, dando o exemplo da "rejeição de voos da transportadora aérea bielorrussa, bem como uma investigação internacional e a libertação das pessoas detidas", como outras medidas possíveis.

O chefe do governo Irlandês, Micheál Martin, apelou à "imediata libertação" do ativista Roman Protasevich. "Acreditamos que esta ação é contrária a todos os princípios de liberdade de associação, liberdade de expressão, e também colocou em risco a vida de cidadãos europeus".

Micheál Martin considera que se tratou de um "ato coercivo apoiado pelo Estado", para o qual irá pedir à União Europeia "uma muito firme e forte resposta a este ato".

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