Linha de Cascais dá primeiro passo para ficar ligada ao resto do país

Renovação da via e da catenária vai custar 31,5 milhões de euros e vai permitir migrar o sistema de eletrificação desta linha para o mesmo usado em toda a rede ferroviária.
Publicado a
Atualizado a

Foi ontem dado o primeiro passo para as obras na via e no sistema de eletrificação da Linha de Cascais, com a consignação desta obra ao consórcio formado pela portuguesa Fergrupo e pelos espanhóis da Comsa por um valor total de 31,59 milhões de euros. Esta empreitada, que faz parte do Plano de Modernização da Linha de Cascais, contempla a migração do atual sistema de eletrificação de 1,5 kV em corrente contínua para 25 kV em corrente alternada, o sistema que é usado em toda a rede ferroviária nacional, e o prazo das obras é de 730 dias, ou seja, cerca de dois anos.

"Esta foi uma matéria que eu tentei resolver desde o início da minha entrada na Câmara de Cascais, dada a importância a todos os níveis e que é estratégica para o Concelho de Cascais. E, depois de tantos obstáculos que foi preciso ultrapassar é, de facto, começar a concretizar um objetivo que considero muito importante. Se tivesse de escolher alguma ação -- e foram muitas as que temos vindo a fazer em Cascais -- esta era aquela que tem o maior impacto no presente e no futuro, tanto em termos económicos, sociais e ambientais", diz ao DN Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais.

Esta migração do sistema usado atualmente na Linha de Cascais -- 1,5 kV em corrente contínua -- para o regime de eletrificação vigente na restante rede ferroviária nacional -- 25 kV em corrente alternada -- será feita através da substituição integral da catenária existente entre as estações do Cais do Sodré até Cascais. De referir que a estação de Cascais já se encontra preparada para esta migração. "A modernização integral da Linha de Cascais reveste-se de grande importância e cuja concretização, aliada à aquisição de novos comboios para os serviços suburbanos que a CP está a promover, irá reforçar e melhorar substancialmente a qualidade da oferta do transporte público ferroviário, potenciando o crescimento da procura por parte das populações da Área Metropolitana de Lisboa servidas pela Linha de Cascais", refere a Infraestruturas de Portugal.

A partir de 2026, está previsto que esta linha receba 34 das 117 novas automotoras elétricas que a CP vai encomendar, o que permitirá a renovação do material atualmente em circulação e que conta com automotoras construídas originalmente na década de 1950.

"Esta é uma vantagem acrescida, porque nós, neste momento, só temos carruagens muito velhas -- e há que fazer um registo ao pessoal das REFER, que tem sido extraordinário para manter essas carruagens em funcionamento -- e não podemos ir buscar carruagens a outras linhas. Agora, como ficamos todos dentro do mesmo processo, se amanhã houver azar com o material circulante, já podemos fazê-lo", refere Carlos Carreiras.

A linha será alimentada por uma nova subestação que será construída em Sete Rios a partir de maio, levando à desativação das atuais subestações de 1,5 kV em corrente contínua de Cais do Sodré, Belém, Cruz Quebrada, Paço de Arcos, Carcavelos e São Pedro.

Esta atualização do sistema de eletrificação vai permitir ainda no futuro ligar a Linha de Cascais à Linha de Cintura, através de uma ligação desnivelada em Alcântara, mas também à Azambuja ou Castanheira do Ribatejo, conforme prevê o Plano Ferroviário Nacional, apresentado em novembro.

A empreitada ontem consignada prevê ainda a configuração das vias nas estações de Algés, Oeiras, Carcavelos, São Pedro e Cascais, bem como a instalação da nova ligação nascente ao Parque de Material Circulante de Carcavelos e a instalação de novos desvios em plenas vias existentes em Santos, Belém e Santo Amaro.

O Plano de Modernização da Linha de Cascais, que apresenta um custo que ronda os 100 milhões de euros, tem já em curso a construção da tal Subestação de Tração Elétrica de Sete Rios e a instalação de um novo sistema de sinalização eletrónica, que poderá ser controlado a partir do Centro de Comando Operacional de Lisboa e que substituirá os postos de sinalização elétricos e mesas de comando em cada estação.

Está também já em curso a substituição do sistema de frenagem automática na aproximação de sinais pelo sistema de controlo de velocidade do tipo ETCS de nível 2, "que irá permitir alcançar os níveis mais elevados de segurança", refere a Infraestruturas de Portugal. Estas duas obras tiveram início a 17 de outubro.

Em preparação estão os lançamentos dos concursos para a implementação de sistemas de videovigilância e informação ao público, a beneficiação de estações e apeadeiros, bem como a instalação de um cabo de alimentação entre a futura subestação de Sete Rios e a Linha de Cascais.

Lançado esta terça-feira (6 de dezembro)

- Implementação de uma catenária de sistema LP 10, preparada para receber corrente alternada com 25 kV, de forma a ficar igual à restante rede ferroviária nacional. Atualmente, a Linha de Cascais funciona num sistema eletrificação de 1,5 kV em corrente contínua.

- Alterações de layout nas estações de Algés, Oeiras, Carcavelos, São Pedro e Cascais; instalação da nova ligação nascente do Parque de Material Circulante de Carcavelos; e instalação de novos desvios em vias existentes (Santos, Belém e Santo Amaro).

Em curso

- Construção de uma Subestação de Tração Elétrica (SST) em Sete Rios para a alimentação da Linha de Cascais. Neste momento a empreitada está em fase de projeto, estando o início da obra previsto para maio.

- Instalação de um novo sistema de sinalização, que vai substituir a sinalização elétrica e as mesas de comando em cada estação por um sistema eletrónico que pode ser controlado a partir do Centro de Comando Operacional de Lisboa. E instalação de um sistema de controlo de velocidade do tipo European Train Control System (ETCS) de nível 2. Estas obras tiveram início a 17 de outubro.

A lançar

- Instalação de sistemas de informação ao público (monitores de partida, quadros de linha, altifalantes e relógios) e de videovigilância.

- Beneficiação de estações e apeadeiros, intervenções em atravessamentos de nível em estações e apeadeiros. Estas beneficiações e intervenções incluem a remodelação de pavimentos, criação de novas rampas para aceder ao interior das carruagens, reabilitação de edifícios, instalação de elevadores nos atravessamentos desnivelados de algumas estações, etc.

- Instalação de um cabo de alimentação entre a Subestação de Tração Elétrica (SST) de Sete Rios e a Linha de Cascais.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt