Líderes da CDU e da CSU competem pela sucessão a Merkel
Em caso de vitória da aliança democrata-cristã CDU/ /CSU nas eleições legislativas de setembro, o próximo chanceler da Alemanha será um homem. Mais especificamente, o líder da CDU Armin Laschet ou o homólogo da CSU, partido-irmão da CDU na Baviera, Markus Soeder. Ambos anunciaram aos jornalistas que estão disponíveis para ser o candidato a chanceler durante uma reunião de deputados conservadores em Berlim. "Concluímos que somos ambos aptos e ambos estamos interessados", disse Soeder, confirmando pela primeira vez que estava interessado no cargo, após meses de especulação.
O antigo aliado de Angela Merkel, Armin Laschet, de 60 anos, assumiu o cargo de líder da CDU em janeiro, e seria em princípio a primeira escolha para candidato dos partidos nas eleições de 26 de setembro, quando Merkel se retirará da política após 16 anos como chanceler. Mas a popularidade dos partidos irmãos está em queda devido à gestão da crise do novo coronavírus, tendo algumas vozes apelado para Laschet se afastar a favor do mais carismático Soeder, de 54 anos.
Laschet disse no domingo que ele e Soeder tinham concordado, numa longa conversa, que ambos deveriam assumir as candidaturas, sublinhando que o "objetivo é proporcionar a maior unidade possível entre a CDU e a CSU".
Soeder tinha passado meses a evitar mostrar qualquer interesse claro no cargo de topo, apesar de pouco ter feito para acabar com a especulação de que ambicionava a chancelaria.
A caminho da reunião de domingo, o jornal Bild declarou que era "o fim de semana da verdade" na corrida para suceder a Merkel. "Temos um grande interesse em que tudo avance rapidamente agora", disse o líder parlamentar da CDU Ralph Brinkhaus antes do início das conversações.
Numa entrevista à edição dominical do Bild, Laschet tinha também apelado a uma decisão rápida dado "o estado de espírito em toda a CDU". "A unidade é muito importante. A CDU e a CSU fariam muito bem em tomar a decisão em conjunto. E muito prontamente", considerou.
O candidato será muito provavelmente escolhido à porta fechada, com Laschet a dizer à emissora ZDF que os conservadores escolheriam quem "melhor se adequasse ao nosso programa eleitoral".
No entanto, numa entrevista à revista Spiegel na quarta-feira, Soeder insistiu que o candidato precisava de ser "aceite por toda a população, e não apenas pelo partido". O fã de Star Trek e entusiasta de máscaras de Carnaval bate consistentemente Laschet nas sondagens de popularidade, com um recente inquérito da emissora pública ARD a mostrar que 54% dos alemães pensavam que Soeder seria um bom candidato, em comparação com apenas 19% para Laschet.
Como líderes dos maiores estados federais da Alemanha em população e área, respetivamente, o ministro-chefe Laschet da Renânia do Norte-Vestefália e o ministro-chefe Soeder da Baviera competiram sobre a liderança na pandemia.
A reputação de Laschet como o candidato fiável e de continuidade foi atingida no final de março, quando Merkel criticou a lentidão do seu estado em reimpor as restrições, apesar do aumento das taxas de contágio.
Soeder agarrou a oportunidade, elogiando a forma como Merkel lidou com a pandemia e argumentando que a chanceler deveria ajudar a decidir quem seria o seu sucessor. "Um candidato da CDU/CSU sem o apoio de Angela Merkel não terá sucesso", disse ao Bild no fim de semana passado. Contra o líder bávaro está o passado: das duas vezes desde o pós-guerra que houve um candidato da CSU, este perdeu.
Laschet elogiou Merkel numa entrevista ao Bild no domingo, mas também disse que "uma nova era está a nascer" para a CDU/CSU. Os partidos devem aprender com os erros cometidos na pandemia e esforçar-se por "reduzir a burocracia, tomar decisões mais rapidamente, impulsionar a transformação digital da administração e da economia", disse.
Embora Laschet continue a ter mais probabilidades de conquistar os principais dirigentes do partido, Soeder também já atraiu o apoio de vários deputados da CDU, uma vez que os deputados conservadores olham com crescente nervosismo para as sondagens.
A confiança na CDU/CSU tem sido severamente atingida nos últimos meses por um programa de vacinação lento e um escândalo de corrupção sobre a aquisição de máscaras, deixando os conservadores em mínimos históricos de menos de 30% nas intenções de voto. Com os Verdes, partido outrora marginal, agora apenas alguns pontos atrás, a CDU/CSU poderá enfrentar a perspetiva real de perder a chancelaria pela primeira vez desde 2005.