Líder polaco cancela visita a Israel após afirmações "racistas" de Netanyahu

O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki cancelou a participação num encontro internacional após o ministro dos Negócios estrangeiros israelita ter acusado a Polónia de serem antissemitas "inatos"
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O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki cancelou a sua participação num encontro internacional organizado pelo grupo de Visegrado - Polónia, Republica Checa, Hungria e Eslováquia -, depois de o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz terem feito afirmações polémicas sobre a nação polaca e o seu envolvimento no Holocausto que este considerou "racistas" e "inaceitáveis".

Na passada quinta-feira, o primeiro-ministro israelita afirmou que os polacos tinham colaborado com o Holocausto durante a segunda guerra mundial, numa conferência sobre o Médio Oriente em Varsóvia. Posteriormente, os representantes de Netanyahu fizeram um comunicado dizendo que as afirmações do primeiro-ministro tinham sido mal interpretadas pelos The Jerusalem Post e que este queria culpabilizar membros individuais e não toda a nação. O jornal acabou por publicar uma notícia corrigida, confirmando o comunicado.

No entanto, para piorar a situação entre as duas nações, o ministro dos Negócios Estrangeiros comentou que os polacos "amamentam o antissemitismo ao mesmo tempo que o leite materno", citando o falecido primeiro-ministro israelita Yitzhak Shamir, de acordo com a BBC . "Estas palavras são inaceitáveis, tanto em termos diplomáticos como públicos" respondeu Morawiecki. Hoje, a Polónia retirou-se completamente do grupo Visegrado, o que acabou por cancelar o encontro internacional. O primeiro-ministro checo, Andrej Babis, comentou que o encontro será substituído por "discussões bilaterais", segundo a AFP.

As tensões entre Israel e a Polónia aumentaram muito no ano passado, devido à introdução de uma nova legislação na Polónia a criminalizar a ligação entre os polacos e o Holocausto. Frases como "campos da morte polacos" podiam levar até três anos de prisão. Após pressão por parte dos EUA e Israel, que defendiam que esta lei impedia pesquisas sobre os acontecimentos da segunda guerra mundial, o governo polaco acabou por remover as sentenças.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Polónia foi ocupada pelo regime nazi e tinha uma das maiores comunidades judaicas a nível mundial. Mais de cinco milhões de vidas foram perdidas, 3 milhões pertenciam à comunidade judaica. Pesquisas mostram que milhares de polacos colaboraram com os nazis no Holocausto, mas também que muitos outros arriscaram as suas vidas para salvar judeus.

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