Líder eleito promete novo UKIP e conquistar espaço ao Labour
É o terceiro líder do UKIP em pouco mais de dois meses, a sua antecessora eleita esteve no lugar uns meros 18 dias, mas Paul Nuttall, que conquistou a preferência de 62,6% dos militantes, pensa a longo prazo e diz querer substituir os trabalhistas e tornar o partido na "voz dos trabalhadores". "O país precisa agora, mais do que antes, de um UKIP forte porque se o UKIP deixar de ser uma força eleitoral Theresa May e o seu governo não terão ímpeto para nos darem o verdadeiro brexit", declarou ontem Nuttall.
Eurodeputado, Paul Nuttall, que faz 40 anos amanhã, era dado com o mais provável vencedor desta eleição, apesar da margem ter sido uma surpresa. Vice de Nigel Farage durante os seus seis anos de liderança, tem agora pela frente a árdua tarefa de unir um partido profundamente dividido por disputas pessoais e uma incerteza sobre o papel político que o partido terá.
"Para os que, dentro do partido, querem união, digo: temos um grande e bem sucedido futuro. Para os que querem continuar com os batalhas do passado, temo então que o vosso tempo no partido está a chegar ao fim", alertou.
Mas o seu principal objetivo é que o UKIP ocupe o lugar dos trabalhistas pois, disse, o Labour de Jeremy Corbyn está mais interessado em temas como as alterações climáticas em vez de se debruçar sobre assuntos que preocupam a classe trabalhadora, como a imigração. "Quero substituir o partido Trabalhista e fazer do UKIP a voz patriótica dos trabalhadores", garantiu.
De acordo com uma análise publicada ontem no The Guardian, Paul Nuttall é o líder do UKIP que mais deve preocupar os trabalhistas - "é um homem do norte, educado em escolas públicas e com opiniões fortes sobre igualdade, mas também uma abordagem dura em assuntos relacionados com segurança e justiça, sendo a favor de um possível regresso da pena de morte". Nuttall defende que esta deveria ser aplicada a assassinos de crianças.
Na conversa com o The Telegraph, o novo líder do UKIP admitiu que o partido eurocético tem "obviamente" um problema com as mulheres e que pretende mudar. "As sondagens dizem-nos que estamos melhor com os homens. Temos de conseguir ter mais caras femininas... Temos de nos afastar desta ideia de que o UKIP tem sido um partido de um homem só", disse.
Outro desafio é conseguir segurar os financiadores, que estão a pensar em dar o seu dinheiro a um novo partido eurocético, dizendo que o UKIP está acabado. A somar a isso, o único deputado do partido no parlamento britânico, Douglas Carswell, já deu a entender que poderá juntar-se aos conservadores. "Não me sinto, de forma alguma, derrotado. Mesmo depois do verão que tivemos, que fez o partido parecer completamente caótico, as sondagens dão-nos 12, 13%", defendeu.
Antigo professor universitário assistente de História, cultiva ao mesmo tempo a imagem de homem do povo. Era um dos adeptos no Estádio Hillsborough, a 15 de abril de 1989, no jogo entre Liverpool e Nottingham Forest, quando a queda de uma bancada fez 96 mortos e 766 feridos. E promete continuar uma tradição de Farage: ser fotografado a beber a sua cerveja.
"Eu sou uma pessoa de pubs. O Nigel e eu somos companheiros de copos há muitos anos. As pessoas provavelmente já nos viram juntos a beber uma cerveja, mas irei cultivar a minha própria imagem", disse numa entrevista dada ao The Telegraph no sábado. "O próximo líder do UKIP continuará a ser fotografado com uma cerveja na mão", prometeu na mesma entrevista.
Não será treinador de bancada
No discurso de despedida - ou não, pois foi no último mês e meio o líder interino do partido, depois de ter abandonado a liderança em setembro, após seis anos no cargo - Nigel Farage exaltou o papel determinante do UKIP na vitória do brexit e na conquista da Casa Branca por Donald Trump. "Neste surpreendente, transformador e, em muitos aspetos, revolucionário ano de 2016, foi o brexit que levou diretamente à derrota do aparelho a 8 de novembro e Donald J. Trump está prestes a assumir a presidência", declarou Farage, entre aplausos. "Nós fomos a inspiração", sublinhou.
O também eurodeputado garantiu que não vai voltar a ser líder, mas que ajudará o antigo vice. "Vou ser treinador de bancada? Não. Vou apoiar o líder do UKIP se ele me pedir? Sim", garantiu aos militantes.
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