A líder do governo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou a retirada formal da lei de extradição que esteve na origem dos protestos que duram há vários meses e deixaram a cidade numa das piores crises em décadas..A informação tinha sido avançada algumas horas antes por vários media locais e tinha sido confirmada por uma fonte governamental à Reuters..O anúncio foi feito numa declaração transmitida pela televisão, com Carrie Lam a defender que visa ultrapassar uma situação "altamente vulnerável e perigosa" e encontrar soluções. "A violência persistente está a prejudicar as fundações da nossa sociedade, especialmente o Estado de Direito", disse Lam, que prometeu diálogo..Os protestos na ex-colónia britânica começaram em março mas ganharam força em junho por causa da lei, que teria permitido a extradição para a China continental, onde os tribunais são controlados pelo Partido Comunista. Mas, desde então, as manifestações evoluíram para um protesto por mais democracia..O cancelamento oficial da lei da extradição, suspensa há vários meses, é apenas uma das cinco exigências dos manifestantes, que pedem também uma comissão de inquérito para investigar a conduta policial durante os protestos, amnistia aos que estão detidos, o fim da definição dos protestos como motins e retomar o programa de reformas políticas..Mas os manifestantes já disseram que não vão desistir da luta. Joshua Wong, um dos jovens ativistas que já foi preso por protestar, disse que a decisão de Lam "vem tarde demais" e dizendo desconfiar da sua sinceridade. Criticou ainda a brutalidade policial.."O fracasso repetido de Carrie Lam em entender a situação faz com que este anúncio seja totalmente desadequado. Ela precisa de responder a todas as cinco exigências: parem a perseguição, parem de nos considerarem como responsáveis por motins, um inquérito da polícia independente e eleições livres!", escreveu no Twitter..A soberania de Hong Kong foi entregue à China sob a política "um país, dois sistemas", que permite manter várias liberdades que não existem no continente, como a liberdade de protesto e um sistema legal independente..A notícia de que Carrie Lam retiraria formalmente a lei de extradição teve efeito na bolsa de Hong Kong, que fechou 3,90% mais alta..(Notícia atualizada às 13.40 com declarações de Carrie Lam e Joshua Wong)