Lena d' Água: "Convidarem-me para este concerto foi um ato de amor"

A cantora Lena d'Água é um dos nomes presentes no Super Bock em Stock, onde atuará na sexta, 23, no Teatro Tivoli, num concerto conjunto com Primeira Dama e a Banda Xita.
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Foi na galeria ZDB, em Lisboa, no início do ano que Primeira Dama e Lena d'Água se apresentaram pela primeira vez ao vivo, com um concerto conjunto na companhia de um coletivo de músicos da Xita Records. O repertório incluía temas de Histórias por Contar e Primeira Dama, os primeiros discos editados em 2016 e 2017 pelo alter ego musical de Manuel Lourenço, misturados com alguns clássicos de Lena de Água, escolhidos pelo próprio Primeira Dama. O espetáculo, entretanto repetido em festivais como o Bons Sons e o Milhões de Festas, volta agora a Lisboa, para uma última apresentação deste encontro de gerações, que juntou em palco um fã com a sua ídolo. Ou antes "dois artistas com muito em comum, apesar da diferença de idades", como preferiu dizer Lena de Água, nesta entrevista ao DN

Como é que conheceu Primeira Dama?

A primeira vez que vi o Manel foi à saída do bar Damas, há alguns anos, onde fui falar, numa tertúlia musical, com outras mulheres ligadas à música. À saída havia algumas pessoas à minha espera, com alguns discos para autografar e entre elas estava um miúdo, para aí com 18 anos, com um disco da mãe dele, para eu assinar. Era o Perto de Ti, que editei em 1982, ainda ele nem era nascido. No final, quando se despediu de mim, disse-me que um dia ainda íamos fazer alguma coisa juntos. Não fazia ideia quem era a Primeira Dama, mas aquilo nunca mais me saiu da cabeça.

E quando é que descobriu quem ele era?

Quando um dia, no rádio no carro, ouvi a música Rua das Flores, no final da qual ele canta alguns versos do Perto de Ti. Desconfiei logo que eram a mesma pessoa.

Foi dele a ideia de fazerem este espetáculo?

Sim, ligou-me no ano passado, de Berlim, a convidar-me para fazermos algo juntos e eu respondi logo que sim, sem fazer ideia do que era. Quando surgiu a ideia de fazermos um espetáculo conjunto, com temas dos dois, disse-lhe para ser ele a escolher as minhas canções. Fiquei muito contente com a seleção, porque não foi a mais óbvia e demonstrou claramente que era um conhecedor da minha obra, ao incluir temas como Olhos de Água, Carrossel ou Nuclear, Não Obrigada. E os arranjos que fizeram para as músicas foram fantásticos, fiquei muito sensibilizada.

Apresentaram-se na ZDB, em janeiro, mas depois repetiram o espetáculo nalguns festivais, como é que foi essa experiência?

Esse primeiro concerto correu muito bem, apesar de eu estar muito constipada e a sala cheia de fumo (risos). E depois convidaram-no a fazermos mais algumas apresentações, nos Bons Sons e no Milhões de Festas. Foi uma experiência fantástica, porque só tinha participado uma única vez num festival, há quatro anos, no Super Rock, a convite do meu grande amigo Zé Pedro, num espetáculo de homenagem ao Lou Reed.

O que é que sentiu?

Quando se convidam artistas de outra geração para uma colaboração como esta, especialmente quando estes não estão em alta, como é o meu caso, isso tem um valor enorme e só pode ser encarado como um ato de amor. Eu tenho 62 anos, podia ser quase avó do Manel, que tem menos 40 anos do que eu, mas em vez disso vemo-nos hoje apenas como dois amigos, ambos artistas, com muitas coisas em comum.

E para quando um disco novo apenas da Lena d'Água?

Para o ano. Vou em breve entrar em estúdio para gravar, finalmente, um novo álbum de originais, que vai composto por canções escritas para mim pelo Pedro da Silva Martins. É por isso que este concerto no Super Bock em Stock vai ser tão especial, porque de certa forma marca o início de um novo ciclo.

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