Hoje, a comissão eventual para o reforço da transparência em funções públicas terminou a discussão do projeto dos socialistas, que apresentaram alterações ao texto original para ultrapassar as dúvidas de constitucionalidade levantadas pelo PSD em reuniões anteriores..O PSD, através do deputado Álvaro Batista, saudou a aproximação dos socialistas, resolvendo as dúvidas de constitucionalidade, para que o parlamento não decida sobre a orgânica do Governo, mas disse que o PS "não foi tão longe quanto necessário", pelo que os sociais-democratas não acompanham o diploma..Além disso, o deputado social-democrata aconselhou que esta é uma "matéria que deve ser revisitada na próxima legislatura", após as eleições legislativas de outubro..Opções em aberto são a abstenção ou o voto, como explicou depois Álvaro Batista aos jornalistas, que apontou a falta de soluções para as chamadas "nomeações cruzadas", quando um membro do governo nomeia o familiar de outro governante..A bancada só decidirá, em princípio, na quinta-feira, véspera da votação, e as opções de voto vão ser articuladas com a comissão política nacional do partido, liderada por Rui Rio..Um voto contra dos sociais-democratas, perante a indefinição das restantes bancadas, tornaria mais difícil a aprovação do diploma avançado pelo PS na sequência do caso "familygate", em abril, com a divulgação de nomeações de familiares por membros do Governo..Pelo contrário, uma abstenção aumentaria as possibilidades de a lei ser aprovada, mesmo com os votos de contra de uma ou mais bancadas da oposição ou da maioria parlamentar de esquerda..Na sexta-feira, o plenário da Assembleia da República fará, em simultâneo, as votações regimentais, na generalidade, e especialidade e final global se a lei passar na primeira votação..O diploma socialista, que pretende restringir as nomeações até parentes em 4.º grau na linha colateral, foi anunciado depois de, em abril, terem sido noticiadas nomeações de familiares para cargos públicos e no Estado, durante a vigência do atual executivo, mas também de outros Governos..Foi o caso do secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, que pediu a demissão, em abril, depois de ter sido tornado público de que nomeara o próprio primo, Armindo Alves, para adjunto no seu gabinete.