Le Pen perde adjunto mas diz que partido vai ficar mais forte

Florian Philippot abandona FN após ter sido afastado da vice-presidência
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Florian Philippot, vice-presidente da Frente Nacional e braço direito de Marine Le Pen, anunciou ontem a sua saída do partido. Um divórcio já esperado e que abre a porta a uma mudança de estratégia da força política de extrema-direita e mostra, de forma clara, as divisões internas criadas com a derrota de Le Pen nas presidenciais.

Philippot foi despromovido na quarta-feira quando lhe foi retirado o cargo de vice-presidente da Frente Nacional por ter recusado afastar-se da Les Patriotes, a associação que tinha fundado em meados de maio, e algo que Marine Le Pen considerava ser um "conflito de interesses". "Não estou para ser ridicularizado, não vou ficar sem nada para fazer. Por isso, é óbvio que vou deixar a Frente Nacional", afirmou ontem Florian Philippot, de 35 anos, à France 2.

Na verdade, a saída de Philippot, durante anos a pessoa mais próxima de Le Pen dentro do partido e um dos mentores da limpeza de imagem da Frente Nacional, parecia ser algo inevitável. Este abandono deverá permitir que Le Pen se concentre em temas chave como a identidade nacional francesa e a imigração. Ao mesmo tempo, como Philippot é visto como uma pessoa muito divisora dentro da extrema-direita; por isso, mesmo que crie um novo partido, este não deverá ameaçar a Frente Nacional.

Le Pen, que no ano passado admitiu ter uma "paixoneta intelectual" por Philippot, não tardou a responder a este anúncio, dizendo que se tratava de uma estratégia de "vitimização" do seu antigo braço direito, mas garantiu "respeitar" a sua decisão e que esta "não a alegrava".

Mesmo assim, deixou claro que a Frente Nacional não terá problemas em recuperar desta saída. "As pessoas deveriam deixar de tentar enterrar a Frente Nacional", disse ontem a ex-candidata presidencial. "Sempre que as pessoas tentaram fazê-lo, o partido ficou mais bem estruturado, mais forte e poderoso". "Existem muitas pessoas talentosas, muitas pessoas com perfil... que eu vou liderar", prosseguiu a líder da Frente Nacional, que tem congresso agendado para março.

Le Pen nomeou ontem o seu antigo diretor de campanha para as presidenciais, David Rachline, como responsável pela comunicação do partido, em substituição de Philippot. Rachline, senador e autarca de 29 anos, era conhecido por ser próximo de Philippot durante as presidenciais. Não vai assumir todos os poderes deste último dentro do partido, pois Philippot era vice-presidente da Frente Nacional, também responsável pela estratégia.

Num comunicado, Le Pen anunciou ainda que a Frente Nacional terá três porta-vozes: Julien Sanchez, autarca de Beaucaire, Sébastien Chenu, deputado, e Jordan Bardella, conselheiro regional da Île-de-France.

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