Le Pen muda a página do partido com um objetivo: chegar ao poder

Frente Nacional passará a ser Reunificação Nacional, caso os militantes aprovem. Cargo honorário de Jean-Marie Le Pen foi extinto
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Marine Le Pen propôs ontem aos militantes que a Frente Nacional seja rebatizada de Reunificação Nacional, numa tentativa de acabar com uma marca que muitos eleitores associam a racismo e antissemitismo, mas também para devolver ao partido o dinamismo que a levou à segunda volta das presidenciais francesas no ano passado.

Falando no encerramento do XVI congresso do partido, que Marine Le Pen queria que fosse de "refundação", a líder da extrema-direita garantiu que a prioridade é chegar ao poder e que este só pode ser alcançado através de alianças com outras forças. "O nosso objetivo é claro: poder", afirmou aos militantes que estiveram este fim de semana em Lille. "Nós somos originariamente um partido de protesto. Não pode haver dúvidas de que podemos ser um partido de poder", sublinhou.

A ideia de mudar o nome do partido - é Frente Nacional desde a sua fundação, em 1972 - foi aprovada por uma curta maioria dos militantes (52%), através de um questionário. O novo nome vai ser submetido ao voto, por correspondência, dos militantes e os resultados devem ser conhecidos dentro de seis semanas.

Frente Nacional "é para muitos franceses, mesmo que de boa-fé, uma barreira psicológica", disse Le Pen, acrescentando que o nome proposto pretende "exprimir uma vontade de reunificação". O partido, mesmo que seja aprovado o novo nome, mantém o símbolo, uma chama, inspirado no logótipo do partido neofascista Movimento Social Italiano, extinto em 1995.

O nome que estará a votação é Rassemblement National (Reunificação Nacional, numa tradução livre em português) uma fusão de Frente Nacional e Rassemblement bleu Marine, coligação de partidos nacionalistas anunciada por Marine Le Pen em 2012, lembrando também o nome do grupo parlamentar do partido entre 1986 e 1988, Frente Nacional-Reunificação Nacionall. Numa entrevista dada recentemente à Reuters, Jean-Marie Le Pen garantiu que este rebatismo é um "suicídio político".

Sem oposição, Marine Le Pen foi reeleita no congresso, por unanimidade, para um terceiro mandato como líder da Frente Nacional. Os militantes votaram a favor da mudança de estatutos que extingue o cargo de presidente honorário, ocupado até agora por Jean-Marie Le Pen, que viu a sua expulsão do partido ser confirmada pela justiça francesa no início de fevereiro.

No seu discurso de ontem, Marine Le Pen atacou o En Marche! de Emmanuel Macron, definindo-o como a encarnação dos globalistas que se afastaram das raízes francesas. "Na França de Macron, estar em movimento é ser um nómada. Assim como os migrantes e evasores fiscais", disse a líder da extrema-direita francesa.

Dirigindo-se à ala mais à direita do partido, encabeçada pela sua sobrinha Marion Maréchal-Le Pen, Marine denunciou a existência de uma "sociedade sem limites", em "plena inversão de valores". Para a fação mais à esquerda, que tinha como figura de proa o seu antigo braço-direito, Florian Philippot, que abandonou o partido em setembro, Marine Le Pen prometeu que irá "proteger os franceses" de uma "minimização programada" e implementar um "patriotismo económico".

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