Kofi Annan "foi sempre um aliado de Portugal", recorda António Monteiro

Embaixador e antigo chefe da diplomacia portuguesa realça o "relevo social" que Kofi Annan conseguiu dar às Nações Unidas.
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Kofi Annan "foi sempre um aliado de Portugal nas causas mais complicadas e sobretudo na questão de Timor", enalteceu este sábado o embaixador António Monteiro ao DN.

O antigo secretártio-geral da ONU, cuja morte aos 80 anos foi anunciada este sábado, "teve uma ação absolutamente notável" em relação a Timor porque, "além de manter a imparcialidade" inerente ao exercício das suas funções, "nunca escondeu a sua vontade de estar ao lado do Direito Internacional e da legalidade internacional", frisou António Monteiro.

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros português lembrou ter tomado posse, como embaixador de Portugal junto da ONU, no mesmo dia 1 de janeiro de 1997 em que Annan assumiu as funções de secretário-geral da organização.

"A primeira coisa que me disse em relação a Timor, e foi ele que tomou a iniciativa, foi que iria" iniciar o seu mandato com a nomeação de um representante especial do secretário-geral para acompanhar o caso - "e isso mudou complemente" a posição e a defesa da causa nas Nações Unidas, recordou António Monteiro.

Annan "teve dois mandatos notáveis, sobretudo o primeiro", tendo mesmo o então embaixador dos EUA junto das Nações Unidas sido "o primeiro a defini-lo como um dirigente da ONU que tinha uma qualidade de rock star".

Apesar de ter tido um segundo mandato complicado por causa da guerra no Iraque, a verdade é que Kofi Annan "foi um homem extraordinário, notável", referiu o diplomata.

Numa altura em que a crise financeira da ONU estava em cima da mesa, Annan conseguiu "dar relevo social" à organização e promover a sua "aproximação muito grande à sociedade civil". Uma das "coisas notáveis" que ele alcançou foi a criação do "Fundo Turner", uma contribuição de muitos milhões de dólares feita pelo fundador da CNN.

"Era um secretário-geral das Nações Unidas com grandes iniciativas, um homem da máquina que não só conhecia a máquina como também sabia como valorizar a ação" da ONU, afirmou ainda António Monteiro.

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