Kim Jong-un não gosta de K-pop. Um "cancro perverso"

Pyongyang alerta jovens norte-coreanos para não adotarem a moda, o estilo de cabelo e a música que vem do Sul.
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Um "cancro perverso". Terá sido desta forma que o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, se referiu ao K-pop, o estilo de música da Coreia do Sul que tem milhões de fãs em todo o mundo. Há três anos, quando assistiu ele próprio a um espetáculo em Pyongyang e se deixou fotografar com os artistas, o discurso era diferente: mostrava-se então "comovido" com a resposta dos norte-coreanos à música dos vizinhos do Sul.

Agora, Pyongyang lançou um alerta aos seus jovens para não usarem o "calão" que é comum abaixo do Paralelo 38, com o jornal oficial a avisar também contra o uso da moda ou do estilo de cabelo dos vizinhos do Sul.

"A penetração ideológica e cultural sob o letreiro colorido da burguesia é ainda mais perigosa do que os inimigos armados", segundo um artigo publicado no Rodong Sinmun, citado pela BBC, que alertava os millennials para os riscos de seguir a cultura da Coreia do Sul.

De acordo com a BBC, há uma nova lei que visa afastar qualquer tipo de influência estrangeira, sendo que quem for apanhado em falta poderá arriscar pena de prisão ou até a morte. Quem for apanhado com grandes quantidades de material da Coreia do Sul, dos EUA ou do Jaão arrisca a pena de morte, sendo que quem for apanhado a ver o material poderá ser condenado a 15 anos de prisão.

O The Korea Herald lembrou num artigo este fim de semana que, em abril, o líder de 37 anos já tinha alertado para "a séria mudança" que estava a acontecer "no estado mental e ideológico" das novas gerações, defendendo que a sua educação ideológica é vital para a sobrevivência do partido e do país.

"Os dramas e filmes coreanos enraram no país e a jovem geração é influenciada por eles, seja como se vestem ou como falam", disse Cheong Seong-chang, diretor do Centro para os Estudos da Coreia do Norte no Instituto Sejong, citado pelo The Korea Herald. "Tal transformaçao é visível no país e Kim vê que isto pode ameaçar o sistema norte-coreano", acrescentou.

"Os jovens norte-coreanos acham que não devem nada a Kim Jong-un", disse ao The New York Times o desertor Jung Gwang-il, que gere uma rede que faz contrabando de K-pop para a Coreia do Norte. "Ele tem que reafirmar o seu controlo ideológico sobre os jovens se não quiser perder as bases para o futuro da sua dinastia familiar", acrescentou.

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