"O que está a acontecer em Donbass é muito preocupante e potencialmente muito perigoso", diz Kremlin
O Exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos acusaram-se esta sexta-feira mutuamente de novos bombardeamentos no leste do país, onde a guerra se prolonga de facto desde 2014.
As autoridades ucranianas referem 20 violações do cessar-fogo pelos separatistas pró-russos durante a noite, enquanto as milícias pró-russas acusam as Forças Armadas de Kiev de terem efetuado 27 disparos nas últimas horas.
Bombardeamentos foram hoje ouvidos perto de Stanytsia Luganska, cidade no leste da Ucrânia sob controlo das forças do Governo, segundo jornalistas no local, que foi alvo de bombardeamentos na quinta-feira.
De acordo com jornalistas da agência francesa de notícias AFP, os bombardeamentos eram audíveis nesta localidade da linha da frente que separa militares ucranianos e separatistas pró-russos, onde na quinta-feira foi atingida uma creche.
Entretanto, a presidência russa (Kremlin) admitiu estar preocupada com o nova escalada de violência entre forças de Kiev e separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, já que a crise russo-ocidental ainda se mantém muito tensa.
"O que está a acontecer no Donbass é muito preocupante e potencialmente muito perigoso", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
O ministro da Defesa ucraniano já veio dizer que as forças armadas não pretendem atacar os separatistas do leste do país ou lançar uma operação para recuperar a península da Crimeia, que foi anexada à Rússia.
"A Ucrânia está a intensificar as suas defesas. Mas não temos intenção de conduzir operações militares contra os separatistas do leste ou contra a Crimeia", disse Oleksiy Reznikov, citado pela AFP, no parlamento.
Em 2014, a Rússia invadiu o leste da Ucrânia e anexou a Península da Crimeia sendo que a guerra na região de Donbass provocou até hoje mais de 14 mil mortos, de acordo com as Nações Unidas.
Esta semana, a Câmara Baixa do Parlamento russo (Duma) aprovou um apelo dirigido ao presidente russo Vladimir Putin para reconhecer a independência dos territórios separatistas da Ucrânia, numa altura em que se verifica uma elevada concentração de tropas de Moscovo na zona de fronteira.
O reconhecimento da independência destes territórios pode significar o fim dos acordos de Minsk, firmados em 2015 sob a mediação da França e da Alemanha.
Entretanto, nos últimos meses 720 mil residentes das zonas separatistas (leste da Ucrânia) receberam passaportes russos e estatuto de cidadania por parte de Moscovo.
Notícia atualizada às 11:27