Junta indignada por perder escola

O presidente da Junta de Garfe, Póvoa de Lanhoso, manifestou "incredulidade e revolta" por só agora ter sido revelado oficialmente que a escola da freguesia vai perder o 1.º ciclo
Publicado a
Atualizado a

A escola da freguesia de Garfe vai perder o 1.º ciclo, passando a funcionar apenas como jardim-de-infância. "Andaram este tempo todo a ludibriar-nos com um jogo de palavras. A nossa escola não apareceu na lista de encerramentos, mas agora, a pouco mais de um mês do início das aulas, fomos confrontados com uma notificação de alteração de tipologia, de escola básica para jardim-de-infância. Ou seja, a escola não fecha, é certo, mas tiram-nos o 1.º ciclo", insurgiu-se o autarca de Garfe.

Em declarações à Lusa, Paulo Ferreira acrescentou que já está marcada para quinta-feira uma reunião com a população da freguesia, para delinear eventuais formas de luta, que poderão passar por uma providência cautelar e/ou por manifestações de rua.

"Temos 27 alunos no 1.º ciclo, não há nada que justifique o encerramento, deixaram-nos com a firme convicção de que tudo ia continuar na mesma e agora vêm com isto. É brincar com a vida das pessoas", disse ainda.

Em correspondência trocada com Paulo Ferreira, a própria vereadora da Educação na Câmara de Póvoa de Lanhoso, Gabriela Fonseca, admite que só tomou conhecimento da decisão ministerial de alteração da tipologia da escola de Garfe a 30 de julho, através de um ofício da Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE).

Em finais de junho, a Câmara, quando tomou conhecimento da lista de escolas a encerrar, onde não constava a de Garfe, logo contestou a proposta governamental, considerando-a "incoerente e sem critérios", e solicitou uma reunião com o secretário de Estado da Administração Escolar, que no entanto ainda não foi marcada.

Gabriela Fonseca garante que a 1 de agosto, depois de recebida a listagem da alteração da tipologia das escolas, foi novamente solicitada uma reunião.

No concelho de Póvoa de Lanhoso, e segundo o recente ofício da DGEstE, são sete as escolas que perdem o 1.º ciclo, passando apenas a funcionar como jardim-de-infância: Garfe, Rendufinho, Serzedelo, Taíde, Simães, Sobradelo da Goma e Travassos.

Inicialmente, o Ministério da Educação apontou para o encerramento total (1.º ciclo e jardim-de-infância) de quatro escolas no concelho, designadamente Rendufinho, Serzedelo, Arrifana e Oliveira, mas apenas vão fechar as duas últimas.

As outras duas vão continuar com o ensino pré-primário.

Para o presidente da Câmara, Manuel Batista, esta foi "uma vitória parcial" do município na luta contra o reordenamento escolar.

Manuel Batista reafirmou, no entanto, a sua "discordância" em relação a este processo, argumentando que a proposta da tutela "está mal fundamentada".

"Estamos contra o reordenamento proposto tendo em conta que ele procede ao encerramento da valência de 1.º ciclo em escolas que cumprem o critério de ter 21 alunos", explica Manuel Baptista, apontando como exemplos as escolas de Garfe e de Rendufinho.

O autarca manifestou ainda o seu "descontentamento" pela demora na clarificação deste reordenamento, que "compromete" o arranque do ano nas escolas.

"O ano letivo está à porta e esta indefinição afeta claramente o planeamento atempado de que estes processos carecem", referiu Manuel Baptista, receando "profundos constrangimentos não apenas à gestão das escolas, mas essencialmente aos alunos".

A Lusa tentou ouvir o delegado regional da DGEstE, mas ainda não foi possível.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt