Julian Treasure: Música rápida nas lojas afasta clientes

Os clientes de uma loja onde se ouve música pop rápida sentem-se apressados e saem mais depressa, disse à agência Lusa Julian Treasure, um dos oradores convidados do TEDx Porto, que decorre segunda-feira na Casa da Música.
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"Pôr música pop rápida em lojas apenas apressa as pessoas, encorajando-as a saírem mais depressa, o que é o contrário do que a loja deveria gostar", disse Julian Treasure, em entrevista telefónica à agência Lusa. O presidente da "Sound Agency" salientou que "há muita investigação actualmente sobre a forma como o som afecta os negócios e, particularmente, demonstra que os retalhistas podem aumentar as receitas 38 por cento melhorando o som que estão a fazer nas lojas".

Julian Treasure, orador das conferências TEDGlobal de 2009 e 2010 e autor do livro "Sound Business", afirmou que "a maioria dos negócios gasta muito dinheiro no aspecto, mas não pensa sobre como soa", quando "o som afecta todo o género de pessoas e de formas significativas". "Fisiologicamente, o som muda a forma como respiramos, o batimento cardíaco, o funcionamento do cérebro, psicologicamente, o som muda o nosso estado de espírito, as nossas emoções, cognitivamente, o som muda a profundidade com que podemos pensar e, comportamentalmente, fugimos sempre de sons desagradáveis", disse.

Julian Treasure defendeu que também nos escritórios é possível aumentar a produtividade, "porque as pessoas são menos produtivas em escritórios abertos e barulhentos do que em salas sossegadas. A minha missão na vida é fazer com que o som soe lindamente e uma das formas é mostrar às empresas que podem ter mais lucros soando bem", afirmou o presidente da "Sound Agency", empresa que assessoria outras empresas sobre o modo mais eficaz de usar o som.

Julian Treasure, que já foi baterista, considerou a música "uma forma de som poderosa", mas "frequentemente mal utilizada. Adoro música e fico triste por ver o mundo coberto por música inapropriada. A indústria musical deseja receitas tão desesperadamente que quer música no máximo possível de locais, o que não é o correto", disse.

Em alternativa, Treasure propõe aquilo a que chama "sons generativos", produzidos em computador "não para serem ouvidos, mas para criarem um ambiente agradável. Da mesma maneira que não é suposto olharmos para um papel de parede, que apenas serve para criar um fundo agradável", explicou. Julian Treasure destacou também a importância da voz, sobretudo nos negócios, defendendo que o tom de voz deve reflectir o que a empresa quer associar à marca. "A voz é muito importante. Muitas empresas dizem às pessoas o que devem dizer, mas não como dizer. Por isso, quando telefonamos para uma empresa, temos experiências diferentes cada vez que falamos com pessoas diferentes, notou.

No TEDx Porto, Treasure vai falar não sobre como falar, mas como ouvir. "Se todos começarmos a ouvir conscientemente, então podemos reclamar contra os maus sons", disse.

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