Julgamento dos implantes mamários começa 4.ª feira
A marca Poly Implant Prothese (PIP) utilizou em milhares de implantes mamários um silicone que não estava licenciado para esse fim, provocando um escândalo sanitário a nível global.
Em Portugal, as autoridades tinham registado no início deste ano 62 ruturas de implantes mamários desta marca em 52 mulheres.
Cinco líderes da antiga empresa PIP, que entretanto fechou em 2010, vão começar a ser julgados por burla e fraude agravada devido ao preenchimento dos implantes com um tipo de gel que tinha alto risco de rutura das próteses.
Uma eventual ligação entre o gel adulterado e casos de cancro nas portadoras destas próteses não foi, contudo, ainda estabelecida.
O fundador da PIP, Jean-Claude Mars, de 73 anos, é a personagem central deste processo, já que no início dos anos 2000 conseguiu fazer desta pequena empresa o terceiro fornecedor mundial de implantes mamários.
Jean-Claude e outros quatro altos dirigentes da empresa arriscam-se a penas de prisão que podem chegar aos cinco anos.
São mais de 5.000 os queixosos neste processo, a grande maioria de nacionalidade francesa. O Ministério Público estima que cerca de 10% possa comparecer à audiência em tribunal, onde estarão cerca de 300 advogados.
"Se nem todas as mulheres têm sequelas físicas ou psicológicas importantes, todas estão marcadas para a vida", afirmou Joëlle Manighetti, que teve de retirar uma prótese PIP após ter sido obrigada a uma remoção total do seio em 2009.
O mais recente balanço sobre a extensão do escândalo com estes implantes indica que houve mais de 4.000 casos de ruturas e de reações inflamatórias em cerca de 2.700 mulheres.