Juízes satisfeitos com desafio do Presidente para pacto da justiça
A vice-presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) considerou hoje "muito bom" o discurso do Presidente da República que hoje desafiou os agentes judiciários a fazerem um "pacto da justiça".
"Na minha perspetiva, o Presidente disse uma coisa que toda a gente entende, mas poucas vezes se pratica, que é não há reforma nenhuma que surta efeitos se não implicar, de forma comprometida, os juízes, os magistrados do Ministério Público, as pessoas que trabalham no meio e que conhecem muito bem o que está mal", disse Manuela Paupério no final da cerimónia de abertura do ano judicial, em Lisboa.
Questionada sobre o que é necessário mudar, a juíza desembargadora da Relação do Porto disse ser necessário "convocar todos a participar numa solução", acrescentando estar ciente de "que há todas as condições" para que tal seja feito.
Referiu a propósito a conferência e debate que a ASJP promove, no dia 07, no Centro Cultural de Belém subordinada ao tema "Que justiça queremos?", que vai ser realizada com o alto patrocínio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Segundo Manuela Paupério, foi o Presidente que sugeriu à ASJP que os juízes fizessem ouvir a sua voz, quando a Associação foi recebida em Belém, mostrando assim estar "há muito ciente desse facto".
"O que quisemos com esta conferência foi convocar a sociedade, por isso a abrimos aos grupos parlamentares, a economistas, a jornalistas. Chamamos à conferência todas as pessoas para debater os temas que preocupam o judiciário", acrescentou.
Porque as pessoas "tendem a confundir a situação da justiça com aquilo que as televisões e os jornais lhes dão conhecer, e o que lhes dão a conhecer são os processos mais mediáticos", disse.
Manuela Paupério observou ainda que a Associação sempre foi colaborante e continua a estar ao dispor para resolver os problemas do setor.
Por seu lado, o presidente do Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ), Fernando Jorge, salientou as palavras da Procuradora-Geral da República (PGR) relativas à necessidade e à urgência de reforçar os tribunais com mais oficiais de justiça.
Fernando Jorge congratulou-se também com a alusão de Joana Marques Vidal à necessidade de se valorizar as carreiras e a formação específica dos funcionários da justiça.
"Os restantes discursos foram interessantes e todos eles apontaram para a falta de meios nos tribunais. Esperemos que sejam tomadas medidas para resolver essa questão", concluiu.