JS quer "reforçar respostas" para Ensino Superior, trabalho e ação climática

"No Orçamento do Estado para 2022, na especialidade, procuraremos respostas no Ensino Superior, no trabalho e ação climática, reforçando a linha prevista na proposta do Governo. " afirmou secretário-geral da JS, Miguel Costa Matos.
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A Juventude Socialista (JS) vai intervir na fase de apreciação na especialidade da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2022, pretendendo reforçar as medidas previstas para o Ensino Superior, trabalho e ação climática.

Esta linha de atuação política no processo de discussão do Orçamento para este ano, diploma que será debatido na generalidade nos próximos dias 28 e 29 na Assembleia da República, foi este sábado transmitida à agência Lusa pelo deputado e secretário-geral da JS, Miguel Costa Matos.

"No Orçamento do Estado para 2022, na especialidade, procuraremos respostas no Ensino Superior, no trabalho e ação climática, reforçando a linha prevista na proposta do Governo. Para este início de legislatura, a JS aponta para a necessidade de se agir nestes três eixos", sustentou o líder dos jovens socialistas.

Miguel Costa Matos alegou que "a crise da Ucrânia demonstra bem como é preciso estar-se menos dependente dos combustíveis fósseis" e, por outro lado, "é preciso agora operacionalizar a Lei de Bases do Clima, que foi aprovada com um grande contributo da JS" na última legislatura.

"É preciso descarbonizar mais na eletricidade e nos transportes, onde ainda há caminho a fazer", completou.

De acordo com o secretário-geral da JS, "outra prioridade é combater a precariedade e os baixos salários, através de uma aposta para o trabalho digno, mas também com o objetivo de ser assegurado o incentivo à progressão salarial - uma medida que está no Programa do Governo".

"Queremos que a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) seja dotada de capacidades executivas - capacidades que obteve durante o período da covid-19 e que agora se deverá manter. Tal como as polícias e outras autoridades inspetivas, a ACT deve ter capacidades executiva para travar ilegalidades quando as deteta, porque os direitos laborais também são direitos humanos", frisou Miguel Costa Matos.

O secretário-geral da JS adiantou ainda que vai bater-se para que se "continue a derrubar barreiras no acesso ao Ensino Superior".

"Tem havido um grande aumento das propinas dos mestrados que nós queremos travar. O Orçamento do Estado apresenta uma triplicação das bolsas destinadas a mestrados", assinalou.

O líder dos jovens socialistas referiu depois que a sua organização quer também "regulamentar propinas encapotadas, como as taxas e emolumentos".

"Na ação social, vamos bater-nos por um complemento de deslocação, tal como já existe um complemento de alojamento para os alunos que não conseguem encontrar uma residência universitária", apontou.

No plano político, Miguel Costa Matos salientou que, nesta legislatura, no parlamento, a JS tem oito deputados entre os 120 do PS, número que a coloca "com tantos deputados como a Iniciativa Liberal".

"De certa forma, a par da Iniciativa Liberal, somos a quarta força do parlamento, o que nos confere uma responsabilidade grande no sentido de respondermos aos desafios da nossa geração. Nos três eixos da ação climática, trabalho digno e Ensino Superior vamos procurar conseguir ganhos importantes para a nossa geração nesta legislatura, sem desprimor para outras bandeiras, como a reforma da regulamentação das ordens profissionais e das causas de sempre, que são estruturantes, como a legalização da canábis", acrescentou.

O secretário-geral da Juventude Socialista (JS) reconhece que os jovens foram quem menos votou no PS nas últimas eleições legislativas, e considera que as respostas passam por reformas ambiciosas e pela manutenção do diálogo à esquerda.

"Nos próximos quatro anos e meio de Governo, o PS tem de conseguir responder aos desafios estruturais da condição de ser jovem em Portugal. Sendo a geração mais qualificada de sempre, é também a geração mais precária de sempre", afirmou este sábado à agência Lusa Miguel Costa Matos, também deputado socialista.

Interrogado se a menor percentagem de voto jovem alcançada pelo PS nas últimas eleições traduz alguma insatisfação desta faixa etária em relação aos últimos seis anos de governos socialistas, o secretário-geral da JS declarou que "a única forma de o PS responder é com reformas".

"Reformas feitas com espírito de diálogo e continuando o diálogo no espaço da esquerda. É preciso construir respostas que sejam transformadoras da vida dos jovens", sustentou.

Segundo o líder da JS, "é preciso continuar a combater a precariedade" laboral, fenómeno que atinge sobretudo os trabalhadores jovens.

"Temos também de combater os baixos salários. Cerca de dois terços dos jovens ganha menos de 950 euros por mês e é muito difícil saírem de casa dos pais", apontou.

Miguel Costa Matos observou a seguir que "já há evidências de progressos no emprego jovem", mas, no Ensino Superior, por exemplo, "é preciso fazer o extra que falta, proporcionando aos jovens condições de futuro em Portugal".

"Se isso for feito, tenho toda a confiança de que os jovens reforçarão a sua confiança no PS", advogou.

Questionado se os dois anteriores governos liderados por António Costa deram prioridade aos pensionistas, secundarizando os mais jovens, o secretário-geral da JS recusou esse dualismo.

"Os governos do PS deram - e bem -- prioridade à valorização das reformas, respeitando as pessoas que trabalharam uma vida inteira. Mas também houve reforços na habitação jovem, na redução do valor das propinas e no aumento das bolsas no Ensino Superior", defendeu.

Miguel Costa Matos apontou ainda medidas que contribuíram para "reduzir o número de alunos por turma e os investimentos feitos nos ensinos Básico e Secundário público" ao longo dos últimos seis anos.

"Não faltam conquistas para os jovens, mas falta, de facto, reconhecermos que este é um problema mais lato do que seis anos de governos. As reformas que vamos fazer nos próximos quatro anos e meio, que concluem uma década de governação do PS, devem ser as mais ambiciosas possíveis. A solução é pelo caminho das reformas", realçou.

Em relação às últimas eleições legislativas, que os socialistas venceram com 41,37% e com maioria absoluta de deputados, Miguel Costa Matos reconheceu que, "de facto, na população jovem, o PS não conseguiu ter uma votação tão expressiva como em outros segmentos da população".

"A única maneira de responder é com trabalho e com reformas que melhorem as condições de vida dos jovens. Precisamente por termos maioria absoluta no parlamento, temos de dar provas de que dialogamos ainda mais, procurando também capacitar o partido do ponto de vista dos canais de comunicação", acrescentou.

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