Jovens designers dão a conhecer 'o verdadeiro' Bairro Alto

Um grupo de jovens designers criou um circuito para dar a conhecer o quotidiano dos moradores do 'verdadeiro' Bairro Alto, em Lisboa, onde se cruzam com turistas e noctívagos, mas cujo convívio é difícil e por vezes problemático.
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O projecto +Skillz foi desenvolvido por Ana Relvão, Anjoom Satar, Ana Fatia, Ricardo Roque e Susana António, jovens designers portugueses que passaram os meses de Junho e Julho no Bairro Alto a tentar conhecer a comunidade, os seus problemas e a sua identidade.

Foi uma das sete residências artísticas desenvolvidas em bairros problemáticos da Área Metropolitana de Lisboa no âmbito do projecto EVA (Exclusão de Valor Acrescentado), iniciativa promovida pelo Programa Escolhas em parceria com o Clube Português de Artes e Ideias, integrada no Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social.

Ana Relvão, uma das designers envolvidas da residência, explicou que os moradores foram desafiados a reflectir sobre a própria identidade, as suas necessidades e problemas, e a equipa procurou descobrir as pessoas e locais-chave do Bairro Alto.

'Foi difícil conhecer as pessoas, mas é normal. Tem de ser um trabalho desenvolvido com o tempo, para conquistar a sua confiança e mostrar que este projeto tinha como objectivo ajudar a comunidade', sublinhou a artista.

Desse trabalho de pesquisa com a população perceberam que existia uma certa 'desagregação' e que no Bairro Alto convivem vários mundos: os residentes, que têm a sua casa e por vezes o local de trabalho, os turistas, que estão de passagem para conhecer, comer ou comprar, e os noctívagos que frequentam bares e discotecas.

De acordo com Anjoom Satar, outra designer envolvida no projecto, o barulho, o lixo, os grafitti e alguns desacatos são das queixas mais frequentes dos moradores do bairro, um dos mais típicos de Lisboa, e que voltou, nos últimos anos, a estar em voga como zona de diversão nocturno.

'Mas o Bairro Alto não é só copos', ressalvou, sublinhando a riqueza intrínseca da comunidade, que, apesar dos problemas, os moradores não querem abandonar.

A equipa descobriu também que 'o novo comércio que se instalou no Bairro Alto e o tradicional não têm qualquer ligação entre si, não se relacionam'.

Para dar a conhecer os lugares mais genuínos, as facetas do quotidiano dos moradores, a sua própria identidade, os designers criaram um serviço para o projecto +Skills em forma de circuito que irá ser desenvolvido todos os últimos sábados de cada mês com uma temática diferente e será anunciado na Agenda Cultural da Câmara Municipal de Lisboa.

O Bairro 6 de Maio, Cova da Moura, Picheleira, Vale da Amoreira, Bairro do Armador e o Martim Moniz são os locais de acolhimento das outras seis residências de desenvolvimento de projectos artísticos orientados para a comunidade.

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