Jovens abriram urnas em cemitério e fizeram direto no Instagram
Quatro jovens - dois rapazes e duas raparigas - entre os 13 e os 17 anos, entraram sexta-feira na cripta do Talhão dos Combatentes, no cemitério municipal de Vendas Novas, onde viriam a abrir urnas enquanto filmavam as ossadas em direto no Instagram com recurso a um telemóvel. O vídeo depressa se expandiu na Internet gerando a indignação popular.
A GNR já identificou os quatro adolescentes, tendo levantado um auto de notícia, encaminhando a ocorrência para o Tribunal de Vendas Novas, segundo avançou ao DN o major José Vieira, das relações públicas do Comando de Évora.
A GNR admite tratar-se de um "incidente de miúdos", justificando que os jovens não teriam intenção de provocar estragos. "Sábado, quando a nossa patrulha foi ao local, comprovou que estava tudo bem", diz José Vieira, alertando mesmo para um detalhe no vídeo onde se vê um dos jovens a apanhar a imagem de uma santa que tinha caído ao chão e a colocá-la onde estava.
Ainda assim, alerta que este caso se pode enquadrar num "crime de profanação de cadáver ou de local fúnebre", com uma moldura penal até dois anos de cadeia, pelo que o episódio poderá vir a tomar maiores proporções. São as autoridades que o admitem, perante as imagens que mostram os adolescentes a abrirem as urnas e a exibirem as ossadas na transmissão via Instagram.
A GNR soube da ocorrência logo na sexta-feira, tendo sido alertada pela mãe de uma menor que estava em casa a assistir à transmissão em direto dos amigos que tinham acabado de entrar no cemitério no horário normal de abertura ao público.
Encaminharam-se para a cripta do Talhão dos Combatentes, onde a porta estará sempre aberta, tendo descido as escadas até chegarem às urnas. Como nem todas estão fechadas à chave, os jovens aproveitaram as que estavam abertas para as destamparem e filmarem as ossadas, enquanto iam tecendo comentários sobre o que viam.
"Foi uma tremenda inocência de miúdos", considera ainda a GNR perante a revolta demonstrada pela população de Vendas Novas nas redes sociais, tendo o Núcleo da Liga dos Combatentes e a própria câmara já vindo a público considerarem que se tratou de um "comportamento de desrespeito e exposição para com os soldados e suas famílias".