Jornalista da BBC conta como recebeu vídeo da ETA

O jornalista Clive Myrie, escolhido para transmitir a declaração de cessar-fogo gravada em vídeo pela ETA, contou a história na página online da BBC.
Publicado a
Atualizado a

Não é a primeira vez na história das tréguas anunciadas pela ETA que a BBC tem uma exclusiva mundial. A 16 de Setembro de 1998, a cadeia britânica também revelou a todo o planeta que a organização terrorista basca estava pronta para um cessar-fogo. O contacto com a estação foi na altura estabelecido através de uma equipa de reportagem do programa “Correspondent”, do canal 2, que se encontrava no País Basco e que recebeu a notícia em primeira mão. Agora, o jornalista Clive Myrie foi o veículo escolhido para transmitir a declaração gravada em vídeo. É o próprio que conta a história na página web da BBC.

Clive escreve que recebeu a gravação numa estação de comboio em Paris, mas não diz qual. O jornalista relata que uma pessoa conhecida, mas que não via desde há um ano, contactou com ele através de um e-mail e propôs-lhe um encontro em Londres para tomar um café. Esse encontro veio a realizar-se num café perto da estação de metro de Convent Garden e essa pessoa, que em nenhum momento descreve como sendo membro da ETA, revelou-lhe que a organização estava a considerar seriamente acabar de vez com a luta armada “por um Estado Basco”, e perguntou-lhe se ele teria interesse em difundir esta informação para o mundo inteiro.

O jornalista assinala também que, nessa conversa, a pessoa terá dito que as opções “de um estado basco independente” são “tão remotas agora" como o foram ao longo dos últimos 50 anos. Indicou igualmente que a ETA é “um problema” e usou uma comparação entre o País Basco e a Catalunha. “Conseguiram mais autonomia e ali não tem um exército de gente que coloca bombas e anda com pistolas”, disse.

A pessoa, não se sabe se homem ou mulher, interrogou-se sobre se a violência levada a cabo pela ETA não estaria a criar obstáculos à causa do nacionalismo basco, em vez de a facilitar. Nesse sentido, dizia que a desculpa dos políticos de Madrid para negar o independentismo basco era “a luta armada” da ETA e perguntava o que é que aconteceria se “essa desculpa desaparecesse”.

Nessa conversa no café, comunicou-lhe ainda que lhe mandaria uma mensagem por telefone dentro de uns dias para se encontrarem outra vez e entregar-lhe o vídeo que veio a ser emitido pela cadeia de televisão britânica. “Se receberes um sms a dizer que "gostei de te ver em Londres" já sabes que esse será o sinal para nos encontrarmos em Paris fora da estação Gare du Nord às 14 horas. Terei a gravação”.

Neste depoimento que faz na página web da BBC, Clive nunca fala em datas. O jornalista encontrava-se ontem no País Basco e assina o texto a partir de San Sebastián.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt