Jornal de investigação russo Novaya Gazeta diz que foi alvo de ataque químico

"O prédio onde a nossa equipa editorial está localizada sofreu um ataque químico esta manhã. Não podemos circular entre os andares ou ir à rua", afirmou o chefe de redação do jornal, um dos símbolos da imprensa independente na Rússia.
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O jornal de investigação russo Novaya Gazeta, um dos símbolos da imprensa independente na Rússia, disse esta segunda-feira que foi derramado um produto químico desconhecido na entrada da sua redação, em Moscovo, já anteriormente alvo de ataques.

"O prédio onde a nossa equipa editorial está localizada sofreu um ataque químico esta manhã. Não podemos circular entre os andares ou ir à rua", afirmou o chefe de redação do jornal, Dmitry Muratov, em comunicado, acrescentando que a substância em questão está a ser analisada pela polícia, em particular pelos serviços de segurança russos (FSB).

"Retirámos [do edifício] pessoas com alergias e o trabalho continua", acrescentou Muratov.

O incidente aconteceu no mesmo dia em que três organizações não governamentais interpuseram uma queixa na Rússia contra alegados mercenários da organização "Wagner" pelo assassinato de um sírio em 2017.

Estas acusações, lembrou Muratov, são baseadas em revelações feitas em 2019 pelo Novaya Gazeta, que publicou uma investigação sobre o violento assassinato, acompanhada de imagens.

As imagens mostravam homens que falavam russo a bater na vítima com um martelo e depois a desmembrá-la, acabando por regar o corpo com gasolina e incendiando-o, enquanto a sua cabeça estava suspensa num poste.

O jornal também publicou hoje uma investigação sobre os abusos cometidos na Chechénia.

Criado em 1993, o Novaya Gazeta é regularmente alvo de intimidações e ataques e vários dos seus jornalistas foram assassinados. A mais famosa, Anna Politkovskaya, especializada na cobertura do conflito na Chechénia, foi morta a tiros à porta de sua casa, em 2006.

Nos últimos anos, o jornal publicou várias investigações sobre as ações de grupos mercenários russos e perseguições de minorias sexuais na Chechénia.

Em 2018, uma cabeça de cabra decapitada e uma coroa de flores foram enviadas à redação, como ameaça.

O jornal, que é publicado três vezes por semana, é propriedade da sua equipa editorial, do empresário Alexander Lebedev e do último líder soviético, Mikhail Gorbachev.

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