João Soares visitou o Espaço Ulmeiro
Uma semana depois de organizar uma feira na livraria Ulmeiro, em Lisboa, o livreiro alfarrabista José Ribeiro recebeu hoje a visita e o apoio do ministro da Cultura, mas ainda não decidiu qual o futuro do espaço.
"Esteve cá hoje e ficámos de voltar a conversar. Manifestou-se legitimamente interessado em que se encontre uma solução", afirmou José Ribeiro à agência Lusa, a propósito da passagem do ministro da Cultura, João Soares, hoje pela livraria em Benfica.
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Desde que iniciou na semana passada uma campanha de descontos em livros, como forma de reunir verbas e tentar manter a livraria aberta, José Ribeiro contou que a Ulmeiro ganhou outra dinâmica. No fim de semana pela livraria passou o presidente da República eleito, Marcelo Rebelo de Sousa.
"Tem sido fantástico. A feira do livro, o destaque que tem tido, tem sido essencial para dar uma ajuda na divulgação da livraria. No bairro há pessoas que descobriram que a livraria existe e estamos cá há 47 anos, é engraçado", afirmou.
Apesar do entusiasmo, José Ribeiro disse que só em março decidirá em definitivo o que fazer com a Ulmeiro, se fecha ou se se mantém de portas abertas.
Até lá procurará aproveitar o impulso de visibilidade que a Ulmeiro conquistou. No sábado, a livraria acolherá - por iniciativa de um grupo de jovens - uma sessão de leitura integral da obra "Isto anda tudo ligado", de Eduardo Guerra Carneiro, o primeiro título que a Ulmeiro publicou em 1970.
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José Ribeiro vai lançar em breve o número zero de uma revista de artes e letras, intitulada O Voo da Coruja, que terá produção artesanal e tiragem pequena, com direção do artista plástico e escritor Hugo Beja e que incluirá poesia, prosa e desenho de autores portugueses e ibero-americanos.
"Tenho a cabeça cheia de ideias há muitos anos e julgo que esta revista é economicamente viável e poderá ajudar a pagar a renda da livraria", disse.
A livraria Espaço Ulmeiro abriu em 1969 no bairro de Benfica, em Lisboa, mas foi perdendo clientes sobretudo nos últimos quatro anos, por conta da quebra do poder de compra e da entrada em vigor da nova lei das rendas, disse.
A livraria Ulmeiro, que já teve ativa uma vertente de editora, tem atualmente cerca de 200.000 livros espalhados pelos dois pisos do espaço.