Quatro anos e um dia depois de ter sido apresentado como diretor adjunto do Museu de Serralves, João Ribas foi anunciado como novo diretor da instituição esta quinta-feira, dia 25 de janeiro. Assume a continuidade mas promete "uma nova forma de pensar, novas ideias e novas iniciativas", afirmou ao DN perspetivando os próximos cinco anos de atividade no cargo deixado vago por Suzanne Cotter..Assumindo a liderança do Museu num ano em que as contas de 2017 apontam para um recorde de visitas (mais de 830 mil), com uma acentuada subida entre os estrangeiros (34%), João Ribas reclama a sua quota-parte neste sucesso: "Uma das razões por que também tenho a honra e o privilégio de estar neste cargo é precisamente pelo trabalho que fiz para isso acontecer juntamente com a anterior direção.".A programação deste ano de Serralves, revelada na sexta-feira passada, já tem a sua marca, não havendo "uma divisão assim tão clara no sentido em que nos últimos quatro anos também estive a construir a programação do museu, algo que se refletiu em exposições que fiz para o museu e a nível internacional, como por exemplo a retrospetiva de Helena Almeida", refere o curador. "Mas, claro, vai haver um novo ciclo de programação, com novas ideias, novos horizontes e novas práticas artísticas. Temos um exemplo para este ano que é a exposição dedicada a Robert Mapplethorpe [a inaugurar no Porto em setembro], uma exposição que eu iniciei e que reflete também a minha marca na programação", refere João Ribas..Parceria com a Tate Modern.Uma marca que voltará a passar fronteiras, tal como aconteceu com a retrospetiva de Helena Almeida, primeiro apresentada em Serralves e depois em Paris e em Bruxelas. "Tendo em conta que a internacionalização é um aparte que sempre distinguiu a Fundação e o Museu de Serralves, claramente que temos interesse em parcerias e estamos a trabalhar para consolidar essa relação internacional com o objetivo de divulgar e levar a produção artística portuguesa ao estrangeiro e também continuar estas parcerias e estas exposições em parceria com grandes instituições internacionais." E revela: "Vamos inaugurar ainda este ano uma exposição em parceria com a Tate Modern, exposição que depois virá para Serralves em 2019. A curadoria será minha e de um curador da Tate". Quanto ao tema da exposição "será anunciado pela Tate Modern", diz o curador, natural de Braga, que viveu durante 26 anos nos Estados Unidos..O regresso a Portugal aconteceu precisamente em 2014 e, a então diretora Suzanne Cotter, chegada ao Porto em janeiro de 2013, justificava a sua escolha como diretor adjunto por se tratar de "um curador distinguido internacionalmente pela originalidade das suas exposições e pelo seu profundo compromisso com os artistas e o pensamento". Uma referência aos quatro prémios consecutivos de melhor exposição do ano atribuídos pela Associação Internacional de Críticos de Arte dos Estados Unidos, entre 2008 e 2011, entre outras distinções conquistadas durante o seu percurso como curador iniciado no The Drawing Center em Nova Iorque (entre 2007 e 2009) e depois no MIT List Visual Arts Center, em Cambridge (entre 2009 e 2013)..A ligação de João Ribas, de 38 anos, ao trabalho da Fundação é mais antiga e recorda ao DN esse primeiro momento: "Conheci o museu em 2006 quando, a convite da FLAD [Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento], vim a Portugal visitar várias instituições em Lisboa e no Porto. Tive oportunidade de conhecer grandes artistas portugueses como Ângelo de Sousa. Foi uma experiência que me marcou muito. Já conhecia o trabalho de muitos deles, mas conheci pessoalmente os artistas, o que alimentou o meu interesse na arte portuguesa e eventualmente na inclusão de artistas portugueses em exposições nos Estados Unidos."."Já tinha trabalhado com artistas portugueses no contexto norte-americano, organizando exposições com artistas como Gabriel Abrantes e coletivas que integraram [João Maria ] Gusmão e [Pedro] Paiva, Leonor Antunes", enumera João Ribas que, a par do trabalho de curadoria, também lecionou na Yale University School of Art, na Rhode Island School of Design e na School of Arts, em Nova Iorque..Ontem, a administração da Fundação de Serralves destacou o "excelente percurso" de Ribas, escolhido por unanimidade, "num concurso internacional muito concorrido em que participaram candidatos de todo o mundo". E congratulou-se pela escolha do novo diretor recair numa "pessoa da casa" e por ser um "português" que irá liderar "o novo ciclo que se aproxima com a comemoração dos 20 anos do Museu de Serralves".."Julgo que é muito importante, em especial ser um português que teve uma relevantíssima carreira internacional. Tem uma enorme vantagem de conhecer Serralves", explicou Ana Pinho, presidente do conselho de administração e um dos membros do júri do concurso internacional formado ainda pelos vice-presidentes Isabel Pires de Lima e Manuel Ferreira da Silva e por três membros externos: Vicente Todolí, primeiro diretor do Museu de Serralves, Laurent Le Bon, presidente do Musée National Picasso, e Jochen Volz, diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo.