João de Melo comovido com prémio Vergílio Ferreira

Escritor açoriano diz não saber se merece a distinção
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O escritor açoriano João de Melo manifestou-se hoje grato com a atribuição do Prémio Literário Vergílio Ferreira 2016, pela Universidade de Évora (UÉ), confessando viver na "permanente interrogação" sobre se teve mérito para o receber.

"O sentimento primeiro é de gratidão e de fruição deste momento muito tocante", mas também o "sentimento contrário", que "é a permanente interrogação e o querer saber de certeza, certa e íntima se mereço este prémio ou não mereço", afirmou.

João de Melo falava aos jornalistas no final da cerimónia de entrega do 20.º Prémio Literário Vergílio Ferreira, que se realizou na sala dos docentes, no Colégio do Espírito Santo, o principal edifício da Universidade de Évora.

O escritor observou que o mérito para lhe ter sido atribuído o galardão "é uma dúvida" que vai levar "sempre pela vida fora", referindo ter este sentimento "não apenas em relação a este prémio mas em relação a todos os prémios".

"Isto é comigo, foi algo que me caiu na minha vida sem eu contar ou durante 40 anos de literatura caminhei nesse sentido e se acabei por merecer", questionou-se, concluindo que "essa dúvida permanece".

João de Melo revelou estar também "comovido" com a atribuição do prémio pelo facto de ter conhecido pessoalmente o seu patrono e ter "sido objeto, por vezes, de boas deferências" por parte de Vergílio Ferreira.

"Qualquer prémio que leva o nome de um patrono é feito um pouco à imagem e semelhança dele ou, talvez, ao nível de exigência mais específico à figura e à obra do patrono", referiu.

O escritor açoriano lembrou Vergílio Ferreira como "um homem muito preocupado com o que dizia, com o que pensava e com o que escrevia" e "um crítico, não apenas da realidade social, política, mas também da própria literatura".

Lembrando que o seu mais recente livro, "Os Navios da Noite", foi publicado recentemente, o autor adiantou que já está a trabalhar na próxima obra, "um romance bastante grande e um pouco na órbita dos temas que caracterizaram o século XX português".

O júri do prémio, presidido por António Sáez Delgado e que, este ano, integrou Elisa Esteves, Gustavo Rubim, Carlos Reis e a escritora Lídia Jorge, deliberou atribuir o prémio a João de Melo por considerar que a obra ficcional deste escritor é "reveladora de um imaginário transfigurador poderoso".

O que faz da obra de João de Melo, segundo o júri, "uma das mais relevantes da sua geração".

Instituído pela Universidade de Évora (UÉ) em 1997, o Prémio Vergílio Ferreira destina-se a galardoar, anualmente, o conjunto da obra literária de um autor de língua portuguesa relevante no âmbito da narrativa e/ou ensaio.

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