Jihadi John: Ocidente acredita ter morto "assassino bárbaro" do EI
"Se o ataque foi bem sucedido será um golpe no coração do Estado Islâmico". A afirmação foi feita ontem de manhã pelo primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, numa altura que ainda se aguardava a confirmação da morte de Jihadi John após um ataque aéreo dos Estados Unidos, na zona da cidade síria de Raqqa, e que tinha como alvo o militante britânico do Estado Islâmico conhecido por ter decapitado vários reféns ocidentais.
Ao final do dia a confirmação da morte do terrorista ainda não tinha chegado, mas fontes militares norte-americanas diziam estar "razoavelmente certas" de que o ataque de drones tinha morto Jihadi John. "Ainda vamos levar algum tempo a confirmar", declarou o coronel Steve Warren, porta-voz da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos.
Vestido de preto, com uma máscara a cobrir a quase totalidade do seu rosto - vê-se pouco mais do que os olhos e a ponta do nariz -, Jihadi John tornou-se no símbolo máximo da brutalidade do Estado Islâmico e um dos homens mais procurados do mundo. O seu nome verdadeiro é (ou era) Mohammed Emwazi, um britânico nascido no Koweit em 1988 que se mudou para o Reino Unido quando tinha seis anos, pertencendo a uma família de classe média estabelecida em Londres.
Em 2009, Emwazi licenciou-se em programação na Universidade de Westminster, ano em que começou a chamar a atenção do MI5 e outras agências de informação britânicas por causa de ligações a combatentes estrangeiros que se juntaram ao grupo terrorista al-Shabab, na Somália. Quatro anos depois os pais reportam o seu desaparecimento, sendo mais tarde informados pela polícia britânica de que Emwazi tinha entrado na Síria.
A partir de agosto de 2014, e já conhecido por Jihadi John, surgiu em vídeos divulgados pelo Estado Islâmico, que mostram os assassinatos dos norte-americanos James Foley e Steven Sotloff, ambos jornalistas, e Peter Kassig, um trabalhador humanitário, bem como dos britânicos David Haines e Alan Henning, ambos trabalhadores humanitários. A maior parte foi decapitada. O vídeo mais recente, de 31 de janeiro, parece mostrar Jihadi John a decapitar Kenji Goto, um refém japonês.
David Cameron referiu-se ontem a Emwazi como um "assassino bárbaro" que "representava uma ameaça permanente contra civis inocentes, não apenas na Síria, mas em todo o mundo, incluindo o Reino Unido". E garantiu que o ataque dos Estados Unidos resultou de um esforço combinado entre norte-americanos e britânicos e tratou-se de "um ato de legítima defesa. Foi a coisa certa a fazer".
[citacao:Depois de ver as notícias de que o Jihadi John estava morto senti um alívio imediato ao saber que ele não irá aparecer em mais nenhum daqueles vídeos horríveis]
Este sentimento de justiça feita não foi partilhado por todos os familiares dos reféns mortos às mãos de Jihadi John. "Se tal esforço tivesse sido feito para encontrar e resgatar o Jim e os outros assassinados pelo EI talvez hoje eles ainda estivessem vivos", declararam num comunicado John e Diana Foley, pais de James Foley. "Depois de ver as notícias de que o Jihadi John estava morto senti um alívio imediato ao saber que ele não irá aparecer em mais nenhum daqueles vídeos horríveis", disse, por seu turno, Bethany Haines, a filha de David Haines.
As autoridades turcas anunciaram entretanto terem detido, em Istambul, um presumível aliado de Jihadi John. Identificado como Aine Lesley Davis, será um britânico encarregue de guardar presos estrangeiros na Síria.
Obama confiante q.b.
As forças curdas peshmerga, apoiadas pelos ataques aéreos norte-americanos, tomaram ontem a cidade iraquiana de Sinjar ao Estado Islâmico, naquele que é um dos maiores contra-ataques desde que os jihadistas tomaram conta do norte do país no ano passado.
O presidente do Curdistão iraquiano, Massoud Barzani, confirmou o sucesso desta ofensiva, que poderá ajudar a recuperar Ramadi, a oeste, e Mosul, no norte, um dos bastiões do Estado Islâmico. "A libertação de Sinjar terá um grande impacto na libertação de Mossul", declarou Barzani aos jornalistas.
Um correspondente da Reuters no em Sinjar relatou que centenas de combatentes peshmerga entraram na cidade sem encontrar resistência imediata. O número de militantes do Estado Islâmico na cidade tinha subido para cerca de 600 no período de preparação da ofensiva, mas ontem só restavam uma mão cheia, explicou o brigadeiro-general pershmerga Seme Mala Mohammed.
Barack Obama garantiu ontem estar focado em diminuir e limitar o Estado Islâmico na Síria e no Iraque, mas reconheceu que os problemas com o grupo terrorista irão continuar até a situação no Médio Oriente estar estabilizada. "O nosso objetivo tem de ser limitar militarmente as capacidades do Estado Islâmico, cortando as suas linhas de abastecimento, cortando o seu financiamento", afirmou o presidente dos Estados Unidos numa entrevista à ABC News que será transmitida amanhã e foi gravada na quinta-feira, altura em que os Estados Unidos preparavam a ajuda à ofensiva curda em Sinjar e o ataque que tinha como alvo Jihadi John.