O secretário-geral do PCP dramatizou esta sexta-feira o discurso e apontou incoerência ao secretário-geral socialista, António Costa, por dizer que está disponível para dialogar com todos quando há uma "decisão já tomada" de um acordo com o PSD.."Dizer que se vai falar com todos é esconder uma decisão já tomada. Quem quer uma política de esquerda não a pode negociar com todos e muito menos com a direita ou a extrema-direita", sustentou Jerónimo de Sousa, durante uma sessão pública, na Maia, distrito do Porto, no âmbito das eleições legislativas..Na última semana António Costa deixou cair o discurso da maioria absoluta e disse estar disponível para voltar a conversar com a maioria das forças políticas, excluindo liminarmente o Chega..O secretário-geral comunista acrescentou que "é inquestionável" a vontade de o PS querer procurar entendimentos com o PSD e exemplificou esta afirmação com as palavras do dirigente socialista Augusto Santos Silva..Em entrevista à CNN Portugal, na quarta-feira à noite, o 'número três' do Governo de António Costa disse que admitiu um "acordo de cavalheiros" entre socialistas e sociais-democratas..Jerónimo de Sousa argumentou que esse "acordo de cavalheiros" tinha apenas como propósito "poderem governar à vontade".."Acordo de cavalheiros... Vejam lá onde é que isto vai", completou..O membro da Comissão Política do Comité Central do PCP acrescentou que até o "patrão dos patrões", o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, pediu um acordo escrito entre os dois partidos: "Todos a pressionarem no mesmo sentido"..Por isso, "a única opção segura" para "rechaçar a direita" é na CDU, concluiu o secretário-geral do PCP, que, mesmo assim, não deixou de fora do discurso a "convergência" a que a CDU tem apelado para depois das eleições..O secretário-geral comunista participou hoje na tradicional arruada pela Rua de Santa Catarina, no Porto, e defendeu que PS e PSD "não vão mexer uma palha" para colocar em causa a influência dos grandes interesses..A volta da CDU está nos instantes finais, mas antes do comício de encerramento da campanha eleitoral, em Braga, houve tempo para uma paragem no Porto, para a tradicional arruada pela Rua de Santa Catarina..Jerónimo de Sousa integrou o desfile no final da Rua 31 de Janeiro, uma das artérias mais íngremes da "Invicta", e percorreu a Rua de Santa Catarina, acompanhado pela cabeça de lista da CDU pelo círculo eleitoral do Porto, Diana Ferreira, e pelo 'número três', Manuel Loff..Depois, o secretário-geral do PCP apelou ao voto na CDU, argumentando que mais deputados da coligação "são tão mais importantes quando vemos que PS e PSD, movidos por um acordo tácito, não vão mexer uma palha em nada que possa pôr em causa dos grandes interesses instalados"..O membro da Comissão Política do Comité Central do PCP sustentou que ao longo da campanha o PSD de Rui Rio vestiu "a pele de cordeiro", mas depois das eleições vai "mostrar a sua verdadeira natureza"..Já os socialistas, continuou Jerónimo de Sousa, "bem podem fazer de amuados, bem podem fingir discórdias, mas o que ensaiam são acordos para pela mão de um ou de outro, dar andamento à política de direita"..Minutos antes da intervenção do secretário-geral comunista, Manuel Loff aproveitou o facto de a caravana da CDU estar no coração do Porto para recordar a governação da autarquia por parte do presidente do PSD, Rui Rio, entre 2002 e 2013.."Lembramo-nos de quem é Rui Rio, da arrogância, do autoritarismo, lembramos demasiado bem", referiu, enquanto os apoiantes apupavam o social-democrata.."Ele que vá embora!", gritou várias vezes uma mulher que assistia na primeira fila às intervenções.