Jack Merrit. Jovem que ajudava ex-reclusos morreu no ataque em Londres
Já se conhece o nome de uma das vítimas do ataque terrorista desta sexta-feira na Ponte de Londres. Jack Merritt, de 25 anos, era coordenador do curso "Learning Together", um programa do instituto de criminologia da Universidade de Cambridge que organizava naquele dia uma conferência perto do local onde foi perpetrado o atentado.
A morte de Merritt foi confirmada pelo pai nas redes sociais, que descreveu o filho como "um espírito bonito que estava sempre ao lado dos oprimidos" e que acreditava profundamente no conceito de reabilitação de prisioneiros.
"O meu filho Jack, que foi morto neste ataque, não gostaria que a sua morte fosse usada como pretexto para mais sentenças draconianas ou para deter pessoas desnecessariamente", escreveu, conta a BBC.
Um comentário dirigido a Boris Johnson, que tentou tirar capital político do atentado, alegando que argumentou "muito tempo" que é "um erro permitir que criminosos sérios e violentos saiam mais cedo da prisão e é muito importante abandonar este tipo de hábito e aplicar na totalidade as sentenças apropriadas para criminosos perigosos, especialmente terroristas".
O pai de Jack Merritt disse ainda que toda a comunidade de Cambridge estava em choque. Serena Wright, professora de criminologia na Universidade Royal Holloway e colega do coordenador, citada pelo Telegraph, também falou sobre a perda de um jovem "doce, carinhoso e [o mais] altruísta [que já conheci]".
Merritt é ainda descrito como alguém que tinha sempre tempo para ajudar quem precisasse dele. "É completamente insubstituível - lamentarei sempre a sua perda e honrarei a sua memória", disse ainda a colega e amiga de uma das vítimas do homem que espalhou o terror na Ponte de Londres.
A outra vítima mortal do ataque foi uma mulher, mas ainda não foi revelada a sua identidade.
A comissária chefe da polícia de Londres, Cressida Dick, confirmou que o atentado terrorista com arma branca provocou dois mortos e três feridos, que se encontram hospitalizados.
O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido emitiu um comunicado em que revela que um dos feridos está em "estado crítico mas estável", outro em "condição estável", enquanto a terceira pessoa "tem lesões menos graves".
Entretanto, soube-se que o autor do ataque, Usman Khan, de 28 anos, usava pulseira eletrónica desde que deixou a prisão, após ter estado detido por crimes relacionados com terrorismo.
Segundo o Guardian, o presumível atacante era conhecido pelas autoridades do serviço britânico de informações de segurança interna (MI5) devido a essa condenação.
O advogado de Usman Khan garantiu ao jornal britânico que o seu cliente percebeu que o extremismo violento estava errado e aceitou que o entendimento do Islão não era o correto e teria pedido ajuda para se desradicalizar.
Usman Khan era um dos nove membros de um grupo terrorista inspirado pela Al Qaeda, condenado em 2012 por planear colocar uma bomba na Bolsa de Valores de Londres e construir um campo de treino terrorista no Paquistão, o qual terá sido desmontado pelo MI5 e pela policia. Este fundamentalista também terá apoiado o al-Muhijaroun, um grupo extremista no qual dezenas de extremistas estavam envolvidos.
Vajahat Sharif, o advogado, garante que Khan ficou desiludido com o grupo depois de ser detido, mas após a saída da prisão os extremistas podem ter feito com que ele tivesse voltado às suas fileiras. Assegurou ainda que Khan mencionou pela primeira vez a intenção de se libertar do extremismo islâmico após a sua condenação em 2012 e depois repetidamente ao longo do tempo de prisão, reafirmando esse desejo pela última vez em 2018.
"Ele solicitou a intervenção de um desradicalizador quando estava na prisão", disse Sharif. "A única opção era a liberdade condicional e eles não sabem lidar com este tipo de criminosos. Ele pediu-me o telefone para obter assistência de um desradicalizador específico", assegurou o advogado.