Quando os estúdios Paramount divulgaram o primeiro trailer, faz agora um ano, Top Gun: Maverick tornou-se imediatamente um dos filmes mais esperados de 2020. Em particular, do verão. A estreia estava anunciada para esta quinta-feira e, não fosse a covid-19, iria fazer regressar ao grande ecrã, mais de 30 anos depois, o universo de Top Gun - Ases Indomáveis (1986), assinado por Tony Scott. Com as alterações impostas ao calendário, desta e de outras estreias mediáticas - entre elas, 007: Sem Tempo para Morrer -, o fim do ano é apontado como a altura mais provável de uma plena convocação da sala escura, apesar das medidas sanitárias que acompanham a experiência. Por isso, 23 de dezembro é a nova data. .Realizada por Joseph Kosinski, a sequela de Top Gun, esse enorme sucesso de bilheteira protagonizado por Tom Cruise, na pele de Maverick, um jovem piloto da aviação naval, vai trazer de volta o ator quase sexagenário que continua a mostrar-se em plena forma, supostamente dispensando duplos (basta recordar a sua impressionante performance física no último Missão Impossível: Fallout, de 2018). Pelo que se sabe, no novo filme, Maverick é instrutor de um grupo de convocados para uma missão de alto risco. Mas enquanto este não chega, há uma mão cheia de propostas variadas, ficção para todos gostos, com aviadores como protagonistas; figuras que fascinam o cinema desde Asas (1927) de William A. Wellman, a produção vencedora da primeiríssima edição dos Óscares..O Aviador .2004, Martin Scorsese .Que outro título para iniciar uma pequena lista de sugestões de cinema sobre a aviação? O aviador deste biopic de Scorsese (disponível na Netflix) é Howard Hughes, o milionário americano apaixonado por aviões que passou pela história de Hollywood, entre produções cinematográficas e uma vida de playboy, incluindo relacionamentos com as estrelas Katharine Hepburn e Ava Gardner. Leonardo DiCaprio, na segunda colaboração com o seu cineasta habitué, Scorsese, encarna uma das suas mais complexas personagens, tão excêntrica quanto turbulenta..Asas.1966, Larisa Shepitko .Larisa Shepitko é uma das cineastas soviéticas das décadas de 1960/70 cuja memória tem vindo a ser recuperada no panorama da distribuição portuguesa. Asas (disponível no catálogo Filmin) é um exemplo crucial da sua obra notável, centrando-se numa antiga piloto de caça que, décadas após a Segunda Guerra Mundial, não consegue adaptar-se ao desencanto dos dias como diretora de uma escola. Ela procura nas recordações dos voos no seu "pássaro de aço" as sensações fortes que já não vive..Sempre.1989, Steven Spielberg .É uma das mais íntimas fantasias de Spielberg e também um dos seus filmes menos vistos. Este remake do clássico Um Certo Rapaz (1943), de Victor Fleming, protagonizado por Spencer Tracy, segue de muito perto o belo argumento de Dalton Trumbo sobre um piloto - aqui, Richard Dreyfuss - que, depois de morrer, regressa sob a forma de um fantasma protetor da sua amada. Sempre marca ainda a derradeira aparição de Audrey Hepburn no grande ecrã, ela que surge, celestial, na personagem de um anjo..O Porquinho Voador.1992, Hayao Miyazaki.Para os apreciadores de animação japonesa, nada como uma produção com selo Studio Ghibli realizada pelo mestre Miyazaki. Porco Rosso (na Netflix) segue as aventuras de um piloto veterano da Primeira Guerra Mundial com uma figura carismática. Imagine-se a postura de um Humphrey Bogart com... cabeça de porco! O tema da aviação representa, de resto, um dos fascínios do próprio Miyazaki, que o espelhou exemplarmente no seu último filme até à data, cujo título não engana: As Asas do Vento (2013)..Paraíso Infernal.1939, Howard Hawks .Uma das obras-primas de Howard Hawks, este maravilhoso Only Angels Have Wings (no original) é o seu filme de aviação por excelência, com todos os ingredientes dos códigos masculinos a funcionar em paralelo com o romance entre um homem e uma mulher. Ele, interpretado por Cary Grant, é um piloto à frente de uma companhia de correio aéreo, ela, Jean Arthur, uma viajante que não quer voltar para o navio que a trouxe. E nesta relação súbita estão contidas as linhas duras do jogo entre o voo e a morte.