Um míssil Iskander atingiu a subestação elétrica que fornece o bairro de Solyanyye, na parte norte de Mykolaiv. "Os russos estão a preparar-se para ocupar a nossa cidade", assegurava no local Dmytro Pletenchuk, o porta-voz militar da região de Mykolaiv. No Telegram, o presidente da câmara, Oleksandr Syenkevych, dava conta de problemas elétricos numa parte distante da cidade..Na tarde de domingo, várias peças de artilharia foram reposicionadas para a defesa de Mykolaiv. É cada vez mais frequente ouvirem-se tiros deste tipo de armamento dentro da cidade..Numa ponte sobre o rio Inhul, junto à aldeia de Voskresenske está o que resta de três carros blindados do Exército ucraniano, ainda com marcas do fogo. Há três dias não estavam lá. Sinais que indicam que a batalha por Mykolaiv já começou.."Já estamos habituados, é a terceira ou quarta vez que os rockets explodem por cima dos nossos telhados", explica Valery Gudimov, que mora junta à estação elétrica atingida este domingo. Mas, desta vez, foi diferente. "Parecia que a casa ia ser atacada", lembra o homem enquanto, à chuva e ao frio, tenta reparar o telhado danificado pela onda expansiva..Eram 5h30 quando o projétil atingiu a pequena central elétrica. Duas torres de alta tensão arderam. O ataque deixou às escuras as duas mil pessoas que continuam a viver no bairro. Um problema acrescido para quem já há seis dias se debate com a falta de água. Sergey Kout sabe bem do que fala. Trabalha numa das empresas privadas que estão a distribuir água por Mykolaiv. "Este domingo foi um dia útil. Temos de trabalhar sete dias por semana.".O homem conta que também vive no bairro que ficou às escuras, mas não parece muito preocupado. Encontrámo-lo à entrada de casa. Tinha na mão uma garrafa de combustível para a lamparina. "Também tenho velas, carreguei o telemóvel e há uma lanterna no camião do trabalho. A comida no congelador também era pouca", relata, confiante de que a luz e a água vão voltar em breve..A estratégia russa parece passar por atacar as infraestruturas de Mykolaiv e obrigar à saída das 200 mil pessoas que ainda vivem na cidade. Na sexta-feira passada tinha sido a vez de um armazém de distribuição dos correios ser atingido por um míssil Iskander.."Nos canais de Telegram russos, corria o boato de que estávamos a trabalhar para o exército ucraniano, que estavam lá armas guardadas." É a única explicação que Alexander Kumanets encontra para o armazém com mais de 10 mil metros quadrados ter sido atingido. As quatro carrinhas que estavam estacionadas junto aos cais, a poucos metros do ponto de embate do míssil, ficaram completamente destruídas. A que estava mais próxima voou mesmo mais de 20 metros, passando por cima dos outros veículos..O responsável pelo terminal garante que no interior "havia apenas encomendas das pessoas normais. Se calhar foi por ciúmes". A extensão dos danos ainda não é conhecida, mas Alexander espera que, em três meses, tudo volte à normalidade.