É assim uma espécie de arranque oficioso da cada vez mais alargada temporada dos grandes festivais de música em Portugal, que desde 2012 acontece no Parque da Cidade, no Porto, onde a partir de quinta-feira se realiza mais uma edição do NOS Primavera Sound. Durante três dias, o festival volta a receber "o passado, o presente e o futuro da música", materializados num cartaz com mais de 70 artistas, que neste ano alarga o espetro musical muito mais além, a território como o reggaeton do colombiano J Balvin ou o novo flamenco da espanhola Rosalía.."Desde o início, primeiro em Barcelona, quando surgiu, e mais tarde no Porto, que o Primavera se assumiu como um festival de tendências, atento às novidades e ao gosto das novas gerações do público. E isso não é possível de fazer se continuarmos reféns de programações baseadas apenas nos anos 1990 e 2000, justifica José Barreiro, da empresa Pic-Nic, que organiza a edição portuguesa do festival..Este responsável respondia assim à "polémica" surgida aquando do anúncio oficial do cartaz, com muita gente a manifestar o seu desagrado nas redes sociais, por este alegado desvirtuar do espírito inicial do festival. "Sentimos esse desagrado inicial, mas com o passar do tempo percebemos que essa opção também teve uma aceitação enorme, refletida num aumento da venda de bilhetes nestas últimas semanas. Acima de tudo estamos satisfeitos por termos voltado a fazer história, ao sermos o primeiro festival indie a programar um artista de reggaeton", sublinha o promotor..Não faltam, no entanto, propostas a esse nível, de gosto, digamos, mais alternativo, no cartaz, como se depreende pela presença de nomes como os dos britânicos Jarvis Cocker ou Stereolab, que atuam nesta primeira noite. A neozelandesa Aldous Harding, a australiana Courtney Barnett, os americanos Big Thief ou o britânico James Blake são outros nomes presentes no alinhamento, no qual se destacam também outras propostas mais fora da caixa do indie, como a diva da música negra americana Erykah Badu ou a lenda da MPB Jorge Ben Jor.."Há coisas de que gostamos mais e outras de que gostamos menos, mas um programador de festival não pode é ser um ditador do gosto, muito pelo contrário", defende José Barreiro. O mesmo "critério de abrangência" aplica-se, aliás, à programação nacional, com o rap de combate de Allen Halloween a emparceirar com a Lisboa crioula de Dino Santiago ou o trap de Profjam com a regressada Lena de Água, que aqui se apresenta acompanhada de Primeira Dama e da Banda Xita. Quanto às novidades no recinto, a principal tem que ver com a zona de música eletrónica, que continuará a funcionar no mesmo local, mas com uma maior lotação, passando neste ano de mil para três mil pessoas..Um novo Sol da Caparica e Super Rock no Meco.Apesar da aparente pujança dos Festivais de Música em Portugal, José Barreiro considera que "o Primavera foi o último grande player" a entrar no mercado. "Desde há alguns anos que os grandes festivais acabam por sempre os mesmos, têm é surgido outros, mais dedicados a determinadas franjas de música, que de certa forma alargaram a oferta. E ainda bem que assim é, pois é sinal de que o mercado cultural português está pujante, em termos de consumo de música", sustenta..Certo é que até ao final do verão não falta por onde escolher. Entre as principais novidades destaca-se o renovado Sol da Caparica, quede 15 a 18 de agostovolta a apostar na música lusófona, com a presença de nomes como Anselmo Ralph, Matias Damásio, Capitão Fausto, Carlão, Luís Represas, Linda Martini, Fred ou Boss AC. Ou o regresso do Super Bock Super Rock à Herdade do Cabeço da Flauta, no Meco, de 18 a 20 de julho, depois de vários anos a realizar-se no Parque das Nações, em Lisboa - Lana del Rey, Phoenix, Migos, Janelle Monáe e Cat Power são alguns dos nomes confirmados..Logo no início de julho, é também junto à praia, na Ericeira e em Carcavelos, que a ação acontece, respetivamente com o Sumol Summer Fest (5 e 6) e o Musa Cascais (de 4 a 6), este último dedicado ao reggae. Já entre 11 e 13 é para o Passeio Marítimo de Algés que os holofotes se viram, para mais uma edição do NOS Alive, neste ano com a presença de artistas como The Cure, Vampire Weekend ou Smashing Pumpkins. Mais a norte, de 18 a 21, Gaia recebe mais um Meo Marés Vivas, que terá em Sting o principal cabeça-de-cartaz. No início de agosto, entre 6 e 10, é novamente tempo de rumar a sul, para o Meo Sudoeste, onde se destacam Post Malone, Joss Stone e Rita Ora..Nessa mesma semana, de 8 a 11, a aldeia de Cem Soldos, nos arredores de Tomar, volta a transformar-se num imenso palco, em mais um Bons Sons, festival dedicado em exclusivo à produção nacional. Depois é novamente tempo de seguir para norte, primeiro para Paredes de Coura, de 14 a 17, onde se espera mais uma edição histórica, com a presença de lendas como os britânicos New Order ou a americana Patti Smith. E depois, de 22 a 24, até Vilar de Mouros, um festival cada vez mais direcionado para um público mais maduro, onde a temporada será mais uma vez encerrada ao som de clássicos como Manic Street Preachers, The Sisters of Mercy, Gang of Four ou Fischer-Z..NOS Primavera Sound Parque da Cidade, Porto. 6 a 8 de junho, de quinta a sábado, a partir das 17.00. €56 a €117 (passe)