Irmandade Muçulmana rejeita acusações sauditas de ser grupo terrorista
O movimento egípcio Irmandade Muçulmana recusou as acusações feitas pela Arábia Saudita, que o qualificou como "grupo terrorista" no contexto da crise com o Qatar, isolado diplomaticamente pelo seu apoio a movimentos considerados radicais.
Em comunicado publicado na quarta-feira, na página na internet de uma fação mais jovem e baseada no Egito da Irmandade, o grupo pediu à Arábia Saudita que não escute os "emires injustos" dos Emirados Árabes Unidos e que se situe ao lado dos "oprimidos".
Neste sentido, denunciou mais uma vez o apoio económico e político que Riade ofereceu ao presidente egípcio, Abdelfatah al Sisi, além de o ajudar a "atacar o movimento islamita moderado" ao qualificá-lo como terrorista.
A Arábia Saudita, juntamente com os Emirados Árabes Unidos, o Barém e o Egito, cortou as relações diplomáticas com o Qatar na segunda-feira, pelo seu apoio a "grupos terroristas", entre os quais Riade nomeou expressamente a Irmandade Muçulmana.
O movimento esteve no poder no Egito entre 2012 e 2013, mais foi derrubado por um golpe de Estado militar dirigida por Al Sisi, que recebeu o apoio das monarquias do Golfo Pérsico, exceto o Qatar, que se posicionou a favor da Irmadnade e deu abrigo a alguns dos seus dirigentes e militantes.
No comunicado de quarta-feira, o grupo sublinhou as suas "boas relações históricas" com os países do Golfo, aos quais ofereceu através dos seus membros e seguidores "serviços científicos, culturais, económicos e sociais", e considerou que quem não as reconhecer é "um ingrato".
Mesmo assim, recordou que os Estados do Golfo, nos anos 1950, acolheram os egípcios que fugiram da perseguição do governo do presidente Gamal Abdel Naser, pelo que os Irmãos Muçulmanos lhes estão agradecidos e não podem prejudicar agora esses Estados.
O Qatar é acusado pelos seus vizinhos de apoiar grupos islamitas, incluindo o que se designa por Estado Islâmico e a filial da Al-Qaeda na Síria, e de lhes dar voz através do seu canal televisivo Al Jazira.