Irlanda do Norte recorda 25 anos da morte de Bobby Sands
Os nacionalistas irlandeses assinalaram ontem os 25 anos da morte de Bobby Sands, a 5 de Maio de 1981, após 66 dias de greve de fome na prisão de Maze. Pela primeira vez, uma delegação do Sinn Féin obteve autorização - criticada pelos unionistas - de Londres para prestar homenagem àquele que consideram como um mártir da luta pela independência. Flores foram colocadas no local onde, além de Sands, morreram outros nove reclusos. Na República da Irlanda , o dia foi marcado pelo acender de velas em memória de Sands.
"O legado duradouro dos grevistas de fome encontra-se em todo o lado", disse, a apropósito, o líder do Sinn Féin, Gerry Adams.
Bobby Sands faz parte do imaginário dos republicanos do Ulster e a sua memória perdura como um símbolo da luta pelo reconhecimento do movimento pela independência da Irlanda do Norte . Tinha 27 anos quando morreu na prisão de Maze. Um mês antes e já muito debilitado, fora eleito deputado ao Parlamento britânico, pelo círculo de Fermanagh e South Tyrone.
Bobby Sands foi o primeiro, do grupo de dez activistas, a falecer em consequência da greve de fome para levar o Governo de Margaret Thatcher a reconhecê-los, e tratá-los, como prisioneiros políticos, em vez de presos de delito comum. O seu funeral em Belfast reuniu, pelo menos, 70 mil pessoas; foi o maior na cidade até à morte, em 2005, do futebolista George Best.
Esta semana o padre Dennis Bradley, que na época servia de intermediário entre o Governo britânico e o IRA , contrariou a versão oficial dos factos ao revelar que Thatcher teria feito uma proposta aos republicanos escassos dias antes da morte de Sands e que satisfazia as suas reivindicações.
"Não acredito nessa versão", disse ao DN o dirigente do Sinn Féin, Alex Maskey. "Ele [Bradley] não disse que sabia como as coisas se passaram, mas que ouvira e reproduzira afirmações que nunca foram provadas. Pessoalmente, não acredito".
Seja como for, certo é que a morte de Bobby Sands colocou o Sinn Féin e o IRA nas primeiras páginas dos jornais mundiais e gerou uma onda de apoio internacional aos republicanos da Irlanda do Norte . A partir de então, o Sinn Féin transformou-se definitivamente na ala política e principal aparelho de propaganda do IRA , na chamada "estratégia da espada e da urna".