Investir, investir, investir: PCP quer dar prioridade aos serviços públicos

Comunistas preparam programa eleitoral. Jerónimo de Sousa recusa que este seja caderno de encargos para negociar à esquerda, mas vê com "grande dificuldade objetiva" entendimento com socialistas, por causa do "amarramento" à UE.
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O PCP está a trabalhar no seu programa eleitoral, que será divulgado no próximo mês de julho, mas esta quarta-feira o seu secretário-geral, Jerónimo de Sousa já apresentou a palavra de ordem dos comunistas para as próximas eleições legislativas: investir, investir, investir - com absoluta prioridade ao investimento público.

Para já, Jerónimo de Sousa recusa que este seja um caderno de encargos para negociar à esquerda, porque antes de mais o PCP se dirige aos portugueses "e não a uma futura solução de governo". "Antes de discutimos futuro governo, temos de ver o que resultará das eleições", afirmou, antecipando uma questão anterior: "Governo para quê? Para executar que política?"

Falando aos jornalistas na sede do partido, em Lisboa, o líder comunista não deixou de sublinhar "uma ideia fundamental" desta legislatura que está a terminar: "Deram-se passos importantes, na reposição de rendimentos e direitos", que "neste caso, é preciso aprofundar". Se for "para andar para trás, não contarão com o PCP", só "se for para avançar". No entanto, Jerónimo reconheceu que vê com "grande dificuldade objetiva" um entendimento com os socialistas, "tendo em conta esse amarramento, esses constrangimentos que o PS tem vindo a aceitar" impostos pela União Europeia.

"Quando em relação a problemas gritantes, necessidades absolutas, o governo vem sempre com a desculpa de sempre: não há dinheiro", e nunca se ouviu igual desculpa para "encharcar" a banca e o sistema financeiro, apontou Jerónimo.

É por isso que, nas linhas de orientação para o programa eleitoral, apresentadas agora por Jerónimo de Sousa, o PCP defende a necessidade de "dar prioridade ao investimento público", recusando que o excedente orçamental seja gasto no "sorvedouro da dívida" mas antes para "assegurar a base material para um elevado nível de investimento público nas infraestruturas e equipamentos do Estado, no desenvolvimento qualificado de todos os serviços públicos".

O PCP inscreve no seu programa eleitoral "um programa ambicioso de financiamento dos serviços públicos e das funções sociais do Estado", "invertendo o crónico subfinanciamento dos meios indispensáveis", onde se destaca um "um programa extraordinário de investimento no setor dos transportes públicos".

Os comunistas sublinham ainda a prioridade de "um programa de investimento na Saúde", que garanta a contratação de profissionais e assegure o "retorno à esfera pública dos estabelecimentos hospitalares entregues a privados".

Neste capítulo, o PCP quer também recuperar o controlo público de setores estratégicos, exemplificando com os CTT. Sem excessos que recordem 1975: "É necessária a reversão desses processos e proceder, por negociação adequada com os seus titulares, pela nacionalização ou outros instrumentos, à sua inclusão no setor dos meios de produção públicos conforme o ordenamento constitucional."

Aliás, os comunistas fazem da Lei Fundamental do país o garante do seu programa eleitoral: "Um programa patriótico e de esquerda, inscrito na Constituição da República Portuguesa."

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