Iniciativa Liberal aponta ao "caos nas escolas" na festa d'Agosto, na Praia da Rocha

João Cotrim Figueiredo encerra hoje a festa no Algarve com um discurso em que pede para libertar o país do bloco central e foca-se na falta de professores diz estarem prestes a rebentar no início do novo ano letivo.
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O mote é "Libertar Portugal do Bloco Central", mas o líder da Iniciativa Liberal vai focar muito o seu discurso de encerramento da festa d'Agosto, que decorre hoje na Praia da Rocha, Algarve, nos problemas que antecipam para o início do ano letivo. João Cotrim Figueiredo vai apontar ao esperado "caos nas escolas", em parte gerado pela falta de professores.

"Há um problema estrutural em vários serviços, e para o qual já tínhamos alertado, de uma degradação acelerada de todos os setores, incluindo o da Educação", afirma ao DN o secretário-geral da IL, Miguel Rangel.

Para este liberal há "uma máquina de propaganda socialista" que tenta escamotear os problemas que vão acontecer no início do ano letivo. O que, reforça Miguel Rangel, naquela que será a tónica do discurso de Cotrim Figueiredo, "está interligado com as dificuldades em reter os nossos talentos e profissionais, sem a capacidade de cativar os de fora".

Mas se a Educação será o foco, o líder da IL não deixará de sublinhar a ideia de que "depois de 48 anos de bloco central, Portugal está estagnado e ultrapassado".

"Temos de sair da camisa-de-forças do bloco central de interesses. Temos que acabar com os arranjinhos entre PS e PSD. A Iniciativa Liberal luta para quebrar esta hegemonia estatista e criar uma verdadeira alternativa para Portugal", já disse João Cotrim Figueiredo, que, em recente entrevista ao DN, previa que o Governo poderia apresentar um Orçamento do Estado para 2023 "de austeridade" para obter "uma folga maior" perto das próximas eleições.

O discurso de Cotrim Figueiredo será o ponto alto desta segunda edição da festa d"Agosto, que marca a rentrée dos liberais, numa altura bem diferente da de 2021.

No ano passado o partido foi o único que se atreveu a desafiar a pandemia de covid e fez a sua rentrée no Algarve - com a exceção do PCP com a sua Festa do Avante!, na Quinta da Atalaia -, precisamente com a mensagem de que era preciso libertar o país das restrições com responsabilidade. Um apelo que aconteceu em plena campanha para as eleições autárquicas, as primeiras a que a IL concorreu em vários concelhos. "E de zero autarcas passámos para 91", diz o secretário-geral do partido. "Creio que essa rentrée contribuiu para definir a Iniciativa Liberal junto do seu eleitorado", acrescenta.

Nessas eleições autárquicas, a IL concorreu a 51 concelhos, com 43 candidaturas próprias e as outras em coligação. Deu apoio a Rui Moreira no Porto, mas em Lisboa rejeitou aliar-se à coligação de Carlos Moedas e avançou com candidato próprio. Não conseguiu, no entanto, eleger nenhum vereador para a câmara da capital.

Com o crescimento autárquico também aumentaram os núcleos do partido espalhados pelo país, sensivelmente o dobro do que tinha em agosto de 2021.

O IL também teve um crescimento de 33% no número de membros que, segundo o secretário-geral dos liberais, passou de 4500 no ano passado para os 6000 este ano.

Sendo que reconhece que esse crescimento tem sido muito feito com base na cativação dos mais jovens para as fileiras do partido. Segundo as contas de Miguel Rangel cerca de metade dos membros do partido tem menos de 35/40 anos e um quinto dos membros têm menos de 25. "É para nós claro que isso é consequência de uma mensagem de esperança para a juventude, somos o único partido que falamos de reformas para a juventude", assegura.

A mensagem dos liberais, que todos reconhecem mais irreverente, cativou também uma fasquia de eleitorado muito superior ao que tinha acontecido nas legislativas de 2019. Nestas primeiras eleições nacionais, a IL conseguiu a proeza de eleger um deputado, mas nas últimas legislativas, de janeiro de 2022, a bancada liberal cresceu para oito deputados, um deles mantendo-se João Cotrim Figueiredo.

O partido passou de 1,29% (67681 votos) em 2019 para os 4,91% (273 399) em 2022.

O próximo desafio eleitoral da IL serão as eleições europeias de 2024, já que nas 2019 apostou em cinco independentes nos primeiros sete lugares da lista ao Parlamento Europeu sem ter conseguido eleger nenhum eurodeputado.

paulasa@dn.pt

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