Indústria da cortiça consolida 'superavit' comercial

O saldo da balança comercial do setor da cortiça era, em 2014, de 706,7 milhões. Foi escalando ano após ano, impulsionado pelo incremento das exportações. Em 2018, atingiu os 843,8 milhões.
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A indústria da cortiça, setor em que Portugal se destaca como líder mundial, tem vindo a consolidar nos últimos anos uma balança comercial "fortemente superavitária", posição alavancada no aumento das vendas ao exterior. Nos primeiros oito meses de 2019, o saldo entre importações e exportações fixou-se nos 607,7 milhões de euros, um aumento de 1% face aos 601 milhões registados em igual período de 2018. Já de 2014 a 2018 a variação é positiva em mais de 137 milhões de euros, aponta uma análise do Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE) do Ministério da Economia, elaborada por Walter Marques. Como sublinha, a balança comercial dos produtos da cortiça e suas obras tem registado "saldos anuais sucessivamente crescentes".

As exportações são o motor desta dinâmica. Em 2018, o setor ultrapassou pela primeira vez os mil milhões de euros de vendas ao estrangeiro, quando quatro anos antes respondia por pouco mais de 841 milhões. As rolhas são o principal produto que a indústria portuguesa da cortiça coloca nos mercados externos. Segundo dados da APCOR (a associação representativa do setor), 72% da produção tem o setor vinícola como destino e 25% são de materiais de construção e decoração. O estudo do GEE revela que a exportação incide principalmente na cortiça aglomerada e suas obras, onde se incluem as rolhas.

Quebra residual

Embora as exportações tenham vindo paulatinamente a crescer nos últimos cinco anos, nos primeiros oito meses de 2019 registaram uma quebra residual de 0,1%, para 724 milhões, face ao período homólogo de 2018. Neste período, o mercado comunitário perdeu peso no total das vendas ao exterior, valendo 61,8%, em contraste com os anteriores 72,1%. França, Estados Unidos, Itália e Alemanha foram os principais destinos, mas a indústria corticeira coloca os seus produtos em mais de 130 países do mundo. Este setor pesa 1% nas exportações totais portuguesas.

Sendo certo que a balança comercial é favorável à indústria nacional, o trabalho do GEE realça que o ritmo de crescimento anual das importações é mais acentuado do que o das exportações. Segundo os dados do estudo, a atividade da cortiça e suas obras importou, em 2014, 135 milhões de euros, essencialmente matéria-prima em bruto, triturada, granulada e desperdícios. No entanto, já em 2018, esse valor subiu para 219,8 milhões, ou seja, registou um incremento de 62,8% face a 2014.

Já entre janeiro e agosto de 2019, as importações sofreram uma quebra de 5,7% quando comparado com igual período de 2018, para 116 milhões. O principal fornecedor, a larga distância dos outros, foi Espanha (66% do total), seguindo-se Itália (11,7%) e Marrocos (10,3%), países que, à semelhança de Portugal, têm vastas áreas de montados de sobro.

No país, há cerca de 685 empresas afetas à atividade da cortiça, que empregam mais de 8300 trabalhadores.

Sónia Santos Pereira é jornalista do Dinheiro Vivo

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