Os 300 índios que ocuparam domingo à noite as instalações de uma unidade hidroeléctrica em Aripuanã, no estado brasileiro de Mato Grosso, fazendo reféns os 280 trabalhadores que aí se encontravam, aceitaram libertá-los, mantendo em seu poder apenas cinco funcionários superiores da Energética Águas da Pedra, empresa responsável pela obra. .Os representantes das tribos da região argumentam que a construção da hidroeléctrica vai acabar com os peixes no rio Aripuanã e repercutir-se negativamente no seu modo de vida, além de que aquela unidade industrial fica num local de relevância tradicional, um cemitério indígena..A hidroeléctrica está situada a pouco mais de 30 quilómetros de uma das reservas indígenas..Os dirigentes da ocupação reivindicam uma reunião - que pode suceder hoje ou ter decorrido esta madrugada (hora de Lisboa) - com representantes da empresa e elementos do Governo de Brasília e das autoridades locais; na reunião participarão também elementos da Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Esta entidade oficial dedica-se à protecção dos direitos das tribos indígenas e à defesa das suas culturas tradicionais..O objectivo é a negociação de compensações pelos alegados danos ambientais que o funcionamento da hidroeléctrica pode causar. As tribos ameaçam danificar as instalações e equipamentos se não forem tomadas em linha de conta as suas reivindicações..Um representante da Águas da Pedra afirmava ontem a disponibilidade da empresa para apoiar as populações locais. Mas sublinhava que qualquer projecto dependeria da aprovação da FUNAI..Segundo os media brasileiros, a hidroeléctrica deveria estar operacional no início do próximo ano, dispondo de uma potência de 216 megawatts. A sua construção foi iniciada em 2007, sucedendo-se desde então os protestos. .Ao final da noite, segundo o comandante da Polícia Militar de Aripuanã, o ambiente era tranquilo, tendo sido retirado do local o grosso das forças de segurança.