Um morto e um desaparecido no incêndio do porta-aviões russo

O único porta-aviões da Rússia, o <em>Almirante Kuznetsov</em>, incendiou-se durante os trabalhos de manutenção no porto ártico da Rússia, em Murmansk. Além de um marinheiro morto, um oficial está desaparecido.
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Um incêndio deflagrou na quinta-feira no único porta-aviões russo, o Almirante Kuznetsov, durante as obras de reparação no estaleiro de Murmansk, no qual estavam a trabalhar 400 pessoas.

A marinha russa informou que um marinheiro morreu "durante as operações de combate ao incêndio" e que decorriam buscas para tentar localizar um oficial que desapareceu durante as operações de evacuação dos trabalhadores.

A ministra da Informação da região de Murmansk, Alexandra Kondaourova, anunciara antes que havia dez feridos hospitalizados, "incluindo um em estado grave". As operações de evacuação retiraram todos os trabalhadores, segundo informações do estaleiro Zvezdotchka.

A agência Ria Novosti, que cita o estaleiro Zvezdotchka responsável pelas obras, assegura que o incêndio deflagrou quando se desenrolavam operações de soldagem. "O equipamento eléctrico a bordo da nave estava a ser substituído. Durante uma operação de soldagem, uma faísca caiu num porão com combustível", disse Alexei Rakhmanov, presidente da empresa estatal russa United Shipbuilding Corporation (USC), proprietária da Zvezdochka.

Segundo a agência de notícias TASS o incêndio começou no convés superior. Os bombeiros experimentaram dificuldades para chegar ao incêndio por causa da fumo preto causado pelos cabos em chamas.

O Almirante Kuznetsov tem vindo a ser objeto de trabalhos de reparação e manutenção desde 2017, inicialmente previstos para durar até 2021. Porém, no ano passado, um guindaste de 15 metros caiu no convés, tendo desabado o cais flutuante em que estava ancorado, e causado um corte de cinco metros de largura.

O Almirante Kuznetsov foi posto ao serviço em 1990 e tem sido destacado nos últimos anos para o Mediterrâneo no âmbito da intervenção militar russa na Síria.

Durante esta missão, dois aviões de caça despenharam-se ao tentarem aterrar no navio, com os pilotos a conseguirem ejetar-se.

As últimas reparações de grande monta do porta-aviões foram realizadas em 1997. Em 2009, um incêndio causado por um curto-circuito enquanto o porta-aviões estava ancorado na Turquia matou um marinheiro.

Na Rússia há um debate sobre a necessidade da construção de um segundo porta-aviões, até agora adiado por razões financeiras.

Os acidentes nas operações de reparação do Almirante Kuznetsov não são um caso isolado: nos últimos dez anos, registaram-se três incêndios em submarinos russos em reparação.

Em julho de 2019, 14 marinheiros morreram no incêndio de um submarino de uma unidade de elite da marinha russa, durante uma missão no Mar de Barents.

O mais grave acidente da marinha russa foi a tragédia do submarino nuclear Kursk, que se afundou com 118 homens em agosto de 2000 apósa explosão de um torpedo. Sobreviveram ao incidente 23 marinheiros, mas acabaram por morrer por não terem sido resgatados em tempo útil.

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