Inaugurado há 9 meses, novo edifício da PJ vai para obras
"Está prevista uma intervenção para eliminar a questão do ruído", referiu fonte da PJ, remetendo responsabilidades pela obra ao Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ) e à empresa de construção OPWAY.
Inaugurada a 11 de março deste ano, a sede nacional da PJ, com 80 mil metros quadrados, entre a Rua de D. Estefânia e a Rua Gomes Freire, custou 87 milhões de euros e tem causado constrangimentos a alguns moradores, que se queixam do ruído do ar condicionado e de danos nos prédios provocados pelas obras de construção.
A viver há mais de 60 anos no n.º 27 da Rua General Garcia Rosado, em Arroios, Maria Simão, de 85 anos, queixa-se de que "o ruído do ar condicionado é incómodo e não deixa ninguém descansar".
Na mesma rua, no n.º 18, Maria Simões, de 67 anos, explicou que durante dois anos os barulhos das obras foram insuportáveis: "As brocas racharam os prédios que eram contíguos. Fazia tanta vibração a construção daquele enorme fosso para estacionamento da PJ que os prédios que estavam contíguos começaram a rachar".
Além das fissuras nos prédios da Rua General Garcia Rosado, "há infiltrações nos rés-do-chão, porque as águas que estavam a correr normalmente, a filtrar-se na terra, agora torneiam o parque de estacionamento da PJ e vêm para debaixo das casas", contou a moradora.
Maria Simões não pediu uma indemnização à companhia de seguros Generali, responsável pela obra o edifício da PJ da construtora OPWAY, porque, "apesar de ter algumas rachas na cozinha, não é um grande estrago".
Mais próxima da sede da PJ está uma moradora da Rua General Garcia Rosado que preferiu não dar o nome, mas contou que, em fevereiro do ano passado, entrou em contacto com a construtora da obra para a responsabilizar pelas fissuras no seu apartamento.
"Foram feitas vistorias ao prédio, mas a indemnização que a Generali atribuiu não foi o suficiente. O orçamento mais barato rondava os 2.800 euros, a seguradora só autorizou uma despesa de 2.100, porque considerava que havia danos que não eram provocados pela obra da OPWAY", disse.
Depois de ter realizado obras para corrigir as fissuras, esta moradora queixa-se agora de que "a meio da noite se ouve ruídos terríveis".
Segundo a presidente da Junta de Freguesia de Arroios, Margarida Martins, "mais de uma dezena de moradores queixaram-se do ruído" vindo do edifício da PJ.
"Trata-se de um bairrinho muito sossegado, muito tranquilo, com pessoas bastante idosas e com muitas famílias com crianças pequenas, e o problema grave do barulho do ar condicionado não deixa as pessoas dormirem", explicou.
Em resposta à agência Lusa, a companhia de seguros Generali informou que "todas as reclamações de danos apresentadas pelos proprietários das frações afetadas foram atendidas, tendo as mesmas sido objeto de peritagem e posterior indemnização".
"As queixas relativas ao ruído provocado pelos equipamentos de ar condicionado nunca nos foram comunicadas, quer pelos moradores, quer pela empresa nossa segurada que assegurou a construção dos edifícios da PJ, sendo que tal situação não caracteriza um acidente e, como tal, a apólice subscrita não seja chamada a intervir neste particular", comunicou a seguradora.
A Lusa tentou ainda obter esclarecimentos por parte do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça e da empresa de construção OPWAY, mas até ao momento não foi possível.