O momento era solene e "até Belém foram ontem inúmeras e altas personalidades", como contava o Diário de Notícias: "Os senhores ministro das Colónias e encarregado de Negócios da Roménia", recebidos à porta do "certame" pelo então diretor do DN, Augusto de Castro, comissário da Exposição do Mundo Português..Tratava-se da inauguração do pavilhão dedicado à presença dos portugueses no mundo, uma área-chave da exposição. Na primeira página do DN, em corpo de letra com a dignidade devida ao diretor do jornal, surge uma citação do discurso de Augusto de Castro: "Não está aqui dentro apenas o símbolo dum território, o clarão imenso duma projeção geográfica universal. Está mais do que isso: está o milagre que há oito séculos dá ao nosso génio, como fronteiras, o impossível.".A cerimónia decorreu ao final da tarde, em cima das 18 horas, e Augusto de Castro discursou tendo o arquiteto-chefe da exposição, Cotinelli Telmo, ao seu lado "no átrio do formoso e imponente pavilhão, junto à estátua da 'soberania portuguesa'". O discurso, com passagens como "... o nosso crédito sobre a civilização universal ainda não está esgotado. Somos credores do mundo", está transcrito na íntegra na primeira página do DN..A Exposição do Mundo Português, exposição de Belém como lhe chamava o DN, tinha sido inaugurada dias antes, a 23 de junho de 1940. Com a Europa a viver o primeiro ano da Segunda Guerra Mundial, o Portugal do Estado Novo celebrava a fundação do país (1140), a restauração da independência (1640), mas sobretudo a afirmação do regime. A exposição ocupava uma área de mais de 500 mil hectares entre as margens do Tejo e o Mosteiro dos Jerónimos, e serviu de pretexto para a renovação urbana da zona ocidental de Lisboa.