A Liga dos Combatentes (LC) tem 187 locais identificados em Angola onde estão sepultados mais de 1500 soldados portugueses mortos na guerra colonial (1961-1974), disse nesta terça-feira o seu presidente, general Chito Rodrigues, ao DN, na inauguração do jardim recuperado nas traseiras da sede da LC, em Lisboa..Esse trabalho de identificação - com os locais todos marcados num mapa de Angola - foi realizado pela Liga dos Combatentes entre 2003 e 2005 com base nos registos existentes em Portugal, explicou Chito Rodrigues, que esteve na passada semana em Luanda a preparar, com as autoridades angolanas, o início da chamada Operação Embondeiro.."Queremos dignificar os espaços onde estão os militares portugueses mortos, como fazemos em França com os que morreram na Grande Guerra, em Moçambique e na Guiné, tratando todos da mesma forma. Não se trata de homenagear ninguém", frisou o presidente da LC..Chito Rodrigues, que reconheceu "a maneira extraordinária" como a delegação da Liga foi recebida pelas autoridades angolanas, evocou a reunião com elementos dos três movimentos de libertação de Angola - MPLA, UNITA e FNLA - para "discutir os nossos problemas" como exemplo de normalização nas relações entre antigos combatentes..Primeiros trabalhos avançam em Luanda.Os trabalhos de campo para localizar, identificar, exumar e transportar os restos mortais de antigos combatentes portugueses, incluindo do chamado recrutamento local, devem começar no último quadrimestre deste ano e em dois cemitérios de Luanda. Note-se que num desses dois cemitérios, Alto das Cruzes, estão os corpos de 109 militares mortos durante a Grande Guerra, assinalou o general. No outro, Santana, há 349 campas de soldados da guerra colonial..A Liga dos Combatentes apoiará também o processo de trasladação dos corpos dos militares cujas famílias requeiram essa transferência, acrescentou Chito Rodrigues. Para realizar esses trabalhos em solo angolano foram lançados concursos, que ainda estão a ser apreciados e sobre cujos valores Chito Rodrigues se escusou a precisar. "Ainda estamos à espera dos orçamentos", respondeu..Contudo, o general disse ter recebido o apoio do ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, para financiar esses trabalhos (embora essas verbas não estejam no orçamento deste ano)..A delegação da LC que esteve em Angola na passada semana aproveitou para se deslocar a Quibaxe, 180 quilómetros a nordeste de Luanda, onde tinham a indicação de existir 16 campas - as que encontraram num local ao abandono, precisou Chito Rodrigues..Segundo os registos feitos pela Liga, é muito variável o número de militares mortos no conjunto dos 187 locais identificados e só o trabalho de localização e pesquisa no terreno poderá confirmar esses dados com rigor..No total, a Liga identificou 1548 campas de militares portugueses, dos quais 586 oriundos da, na altura, metrópole. Existem ainda registos de 90 desaparecidos e 55 não localizados. "A finalidade principal da operação é garantir e manter a dignidade dos lugares cemiteriais onde se encontrem inumados militares portugueses, recolher para áreas cemiteriais ou ossários os restos mortais isolados", insistiu o general.