O Sri Lanka acusou esta segunda-feira o grupo islâmico National Thowheeth Jama'ath (NTJ) pelos atentados terroristas que no domingo de Páscoa mataram 290 pessoas e feriram outras 500 no país..O grupo é conhecido por vandalizar estátuas budistas e quatro dos seus membros foram detidos em janeiro por esse ato mas até agora não estava associado a grandes ataques terroristas..O ministro Rajitha Senaratne chamou-lhes uma "organização local", cujo nome pode ser traduzido livremente por Organização Monoteísta Nacional, e avançou que é provável que os bombistas suicidas sejam cidadãos do Sri Lanka, embora muito provavelmente tenham tido apoio internacional. De acordo com o porta-voz do governo, este grupo é forte apoiante do movimento jihadista global. Em 2016 um dos seus membros foi preso por incitar ao racismo..O objetivo deste grupo, explicou ao New York Times Anne Speckhard, diretora do Centro Internacional para o Estudo da Violência Extremista, é espalhar a mensagem jihadista no Sri Lanka e provocar ódio, medo e divisão na sociedade. "Não é um movimento separatista. Preocupa-se com religião e punição"..Os ataques de domingo, em igrejas e hotéis, atingiram sobretudo membros da igreja católica e turistas e são, segundo esta especialista, muito semelhantes a outros atentados perpetrados por grupos jihadistas, como o ISIS ou a Al Qaeda..Serviços secretos tinham sido alertados.Rajitha Senaratne confirmou que "14 dias antes dos incidentes, houve informação sobre estes ataques". E adiantou: "A 9 de abril, o diretor dos serviços secretos escreveu uma carta que tinha o nome de muitos membros desta organização terrorista.".O Washington Post teve acesso a um relatório de três páginas dos serviços secretos do Sri Lanka, datado de 11 de abril, no qual se alertava para a possibilidade de acontecer um atentado terrorista por parte de um grupo radical islâmico tendo como alvo igrejas católicas. Esse relatório já referia o grupo National Thowheeth Jama'ath (NTJ) e nomeava alguns dos seus membros, incluindo o alegado líder, Mohamed Zaharan..O ministro das Telecomunicações, Harin Fernando, publicou no Twitter o que parece ser uma fotografia desse relatório, acusando os serviços secretos de não agirem em conformidade: "Medidas sérias devem ser tomadas para saber porque é que este aviso foi ignorado.".Numa conferência de imprensa no domingo à noite, o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe sublinhou que nem ele nem nenhum outro membro do governo tinha sido informado das preocupações da polícia secreta. Também afirmou que é preciso perceber o que falhou na prevenção do ataque terrorista..Estado de alerta continua.Entretanto, o governo do Sri Lanka declarou um novo recolher obrigatório na noite desta segunda-feira para terça-feira. O recolher obrigatório entra em funcionamento na noite de hoje, a partir das 20:00 (15:30 em Lisboa), e ficará em vigor até as 04:00 de terça-feira (23:30 de segunda-feira em Lisboa), de acordo com o serviço de informações do governo..Esta decisão foi tomada no momento em que se conhecem os responsáveis pelos ataques de domingo e depois de os Estados Unidos avisado que "grupos terroristas" continuam a preparar ataques no Sri Lanka. "Grupos terroristas continuam a planear possíveis ataques no Sri Lanka. Os terroristas poderiam atacar com pouco ou nenhum aviso (...) áreas públicas", alertou o Departamento de Estado norte-americano através da sua embaixada dos Estados Unidos no Sri Lanka..O governo dos Estados Unidos indicou como potenciais alvos destes ataques áreas turísticas, centros de transporte, mercados, centros comerciais, instalações governamentais, hotéis, clubes, restaurantes, locais de culto, parques, grandes eventos desportivos e culturais, instituições educacionais e aeroportos..Diante da vaga de ataques de domingo, as autoridades decretaram um primeiro toque de recolher, que foi levantado às 06:00 da manhã de hoje (1:30 em Lisboa). Esta segunda-feira, a vida no país havia retomado um curso aparentemente normal. Para limitar o número de pessoas nas vias públicas, o Governo do Sri Lanka, que tem 21 milhões de habitantes, declarou dois dias feriados. As escolas e a bolsa de valores de Colombo permaneceram fechadas. Muitos cingaleses, no entanto, tiveram de ir trabalhar.